23 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 13/02/2022 às 00:31

A CPI com roteiro e culpados já conhecidos

Foto: Divulgação
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Por Jeovalter Correia

A despeito da instalação da CPI da Covid-19 no Senado Federal, cujo objeto são as medidas de enfrentamento da pandemia que não foram tomadas pelo governo para mitigar os seus efeitos na vida das pessoas. Mesmo que tardiamente, o Congresso Nacional instalou a mais importante CPI da história da República que visa a apuração de responsabilidades dos gestores governamentais na gestão da pior crise sanitária já vivida no País, com roteiro e culpado já conhecidos, desde a gripezinha.

Assim como aconteceram em outras pandemias no mundo, a exemplo da gripe espanhola, os historiadores e estudiosos irão registrar a pandemia do novo coranavírus como um dos momentos mais difíceis da humanidade em todos os tempos.

O impacto dessa crise sanitária no Brasil tem sido ainda maior em face da conjuntura política do País ter como presidente um negacionista que fez questão de afrontar todas as medidas para evitar a infecção da população, desde abominar o uso de máscaras e do lockdown, enquanto estratégias para enfrentamento da Pandemia. Mais do que isso, o Presidente fez questão de ficar do lado do vírus quando, intencionalmente, provocou aglomerações, receitou medicação sem eficácia comprovada, demitiu dois ministros que se negaram a seguir o seu negacionismo, culminando com a nomeação de um Ministro General que o obedecia cegamente para consolidar o desastre, objeto da apuração da CPI.

Parece chover no molhado, dizer que a Pandemia do novo coronavírus interferiu, emocionalmente, na vida das pessoas, diante da infecção e letalidade da doença que provocaram perdas de tantas vidas, bem como na forma que se lida com a morte de parentes próximos e amigos. Parece chover no molhado falar que as medidas de isolamento social atingiram a economia e, por consequência, o modo de sobrevivência das pessoas sem o devido apoio financeiro do governo. Mas, definitivamente, não é chover no molhado a constatação da realidade trágica dos quase 15 milhões de infectados e 400 mil mortes, infelizmente, banalizadas pelo Presidente da República que tratou essa fúnebre estatística como um quantitativo de CPF cancelado.

Não se pode esquecer jamais que essas pessoas que se foram, diga-se de passagem, precocemente, tinham uma história de vida, com pais, filhos, netos e amigos e, também, sonhos como todos nós. Por isso, é difícil aceitar e é muito dolorida na alma, a sensação de que uma boa parte dessas vidas poderia ser poupadas, caso o governo federal tivesse tomado as providências com base na ciência, como fizeram outros países na gestão dessa crise sanitária.

Jeovalter Correia, Consultor em gestão pública e empresarial
Jeovalter Correia, Consultor em gestão pública e empresarial

Não é fácil aceitar que em pleno século 21, por falta de planejamento ou por omissão do governo, as pessoas morram sem oxigênio ou na fila de leitos de UTI ou sejam intubadas com as mãos amarradas por falta de analgésicos nos hospitais. É muito difícil explicar como um país com uma das maiores economias do mundo, não consegue planejar e adquirir vacinas para imunizar a sua gente por pura inépcia do seu governo.

Que venha a CPI que vai apontar os responsáveis por esse genocídio.

(*) Jeovalter Correia é consultor em gestão pública e empresarial