A suspensão dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva balançou o Brasil e o xadrez político. Em poucas horas, Bolsonaro começava a usar máscara, passava a defender a vacina e desconversava parte de sua narrativa perversa. Na esquerda, o abalo também foi enorme e qualquer analista político poderia concluir que o efeito Lula arrastava todos para um novo projeto nacional. E assim tem acontecido, de setores do PSDB ao PSOL, novas forças se reúnem em torno do Partido dos Trabalhadores para retomar o projeto nacional desenvolvimentista democrático e popular.
É nesse cenário que eu também saí do partido que fazia parte e cheguei a me candidatar em 2020 ao Paço Municipal e me filiei ao Partido dos Trabalhadores (PT). O período para um projeto alternativo à esquerda já se passou. Partidos como PCB e PSTU, e um setor minúsculo do PSOL, chegaram a se envolver em manifestações pró-impeachment de Dilma. Contudo, em 5 anos (2016-2021) não conseguiram construir uma alternativa concreta ao PT dentro da esquerda. Na verdade, mal saíram do lugar. O PDT entrou em descrédito ainda no segundo turno, em 2018, com a famosa viagem à Paris.
Lula consegue rearticular os interesses nacionais dos brasileiros, a partir de um projeto que abarca da população mais pobre ao setor produtivo e financeiro, e propondo estancar a sangria estabelecida por Jair Bolsonaro aos mais pobres e à classe média, que sofrem com o desemprego e a inflação. No estado de Goiás temos acompanhado a aproximação de José Eliton, que veio do PSDB para o PSB, em uma articulação que inclui também Geraldo Alckmin. Há também a possibilidade de Marconi Perillo, ainda no PSDB, reforçar o time do Lula. Para muitos essa configuração pode ser confusa mas é necessário destacar que embora Lula seja líder nas pesquisas, a janela partidária configura uma maioria esmagadora de parlamentares em partidos de centro-direita, direita e extrema direita no país. A missão do ex-presidente em reunir forças democráticas, ainda é necessária e fundamental para uma vitória.
Logo, fica difícil pensar hoje na construção de um arco de alianças hoje que não seja para construir uma frente ampla e democrática, capaz de colocar o Brasil de volta nos trilhos do desenvolvimento, do combate à fome, do investimento em saúde e educação, e da geração de emprego e renda. São as tarefas urgentes, em torno das quais toda a esquerda, democratas, patriotas, devem se reunir para pôr fim ao governo de morte de Jair Bolsonaro e trazer de volta a esperança para os brasileiros.
Candidato à prefeitura de Goiânia em 2020, trabalhador de Tecnologia da Informação e filiado ao PT