10 de dezembro de 2025
OPERAÇÃO CRIPTOCAR

Operação conjunta cumpre mais de 20 mandados judiciais contra quadrilha de estelionato com criptomoedas e bloqueia R$ 3,3 milhões

Grupo atuava em Goiás e São Paulo movimentava milhões de reais através de Bitcoins para lavar dinheiro desviado; prejuízo inicial foi de R$ 530 mil
Operação CriptoCar cumpriu mais de 20 mandados judiciais - Foto: divulgação / PCGO
Operação CriptoCar cumpriu mais de 20 mandados judiciais - Foto: divulgação / PCGO

Um grupo especializado em estelionato eletrônico e lavagem de dinheiro mediante uso de criptomoedas (criptoativos) foi alvo de uma grande operação nesta quarta-feira (10) em Goiás e São Paulo após prejuízo inicial de R$ 530 mil em pessoas também de outros cinco estados. Foram cumpridos 10 mandados de prisão, 16 mandados de busca e apreensão domiciliar e sequestro de bens no valor de R$ 3 milhões e 399 mil em quatro cidades do ABC paulista. 

Denominada de Operação CriptoCar, a ação foi deflagrada pelo Grupo de Repressão a Estelionato e outras Fraudes (Gref) da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de Goiás (PCGO), com apoio do Ministério da Justiça e da Polícia Civil do Estado de São Paulo. 

As investigações se iniciaram a partir da fraude na venda de veículo de luxo anunciado em plataforma digital. “O prejuízo inicial apurado foi de R$ 530 mil, mas os trabalhos investigativos revelaram a existência de outras vítimas em diversos estados brasileiros, incluindo Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia”, divulgou a PCGO. 

A investigação apontou que o esquema fraudulento era conduzido por criminosos que utilizavam engenharia social sofisticada para ludibriar as vítimas. No caso em apuração, os criminosos se apresentaram como vendedores de um veículo Mercedes CLA45 AMG, criando uma narrativa envolvendo suposta indenização de uma empresa multinacional.  

Falsificações diversas

Para conferir credibilidade ao golpe, integrantes da organização se passavam por representantes de empresa multinacional e por funcionários de concessionária de veículos, munidos de documentos adulterados e números telefônicos com códigos de área dos locais das fraudes. Após as negociações, as vítimas eram orientadas a realizar transferências para contas bancárias de empresas intermediadoras de pagamento vinculadas a corretoras de criptomoedas. 

Veja como a quadrilha agia: 

1  – O grupo criminoso usava criptoativos para lavagem imediata dos valores ilícitos.  

2 – O Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (LAB- LD) da PCGO, revelou que os criminosos usavam documentos das vítimas e abriam contas fraudulentas em corretoras de criptomoedas em nome das próprias vítimas.  

3 – Depois eles faziam as transferências, mas burlavam os sistemas de segurança de reconhecimento facial (KYC – Know Your Customer, ou conheça o seu cliente), adulterando digitalmente documentos originais das vítimas. 

4 – Os golpistas inseriam imagens de integrantes do próprio grupo criminoso.  

5 – Os valores transferidos pelas vítimas eram imediatamente convertidos em Bitcoin (BTC) nas contas fraudulentas.   

6 – Em seguida, os ativos eram pulverizados para carteiras digitais privadas, dificultando o rastreamento.  

7 – Posteriormente, os criptoativos eram enviados para empresas de balcão (Over the Counter – OTC). 

8 – Doleiros especializados em criptomoedas entravam nessa fase reconvertendo os valores para moeda corrente. 

9 – Os valores “lavados” com as criptomoedas eram então repassados para empresas, simulando licitude e integrando os recursos ao sistema financeiro. 

Um membro do grupo movimentou R$ 56 milhões em seis meses 

Empresas ligadas a um dos investigados movimentaram cerca de R$ 56,9 milhões em seis meses. A Operação Criptocar identificou um grupo criminoso estruturado, com forte atuação na região do ABC Paulista.  

Grupo se organizava em três núcleos criminosos

  • Núcleo Financeiro/Operacional: responsável pela movimentação e controle das carteiras de criptomoedas e coordenação das fraudes;  
  • Núcleo de Lavagem: composto por doleiros de criptoativos e proprietários de empresas que recebiam os valores “lavados”;  
  • Núcleo de fornecedores de Identidade: criminosos que cediam suas imagens para abertura de contas fraudulentas. 

Oito vítimas já identificadas pela Operação CriptoCar

Conforme a PCGO, até o momento, pelo menos oito vítimas foram identificadas, em diversos estados brasileiros.  

Os 10 investigados, que tiveram prisão temporária decretada, ocupam diferentes posições na estrutura criminosa.  

Os 16 mandados de busca e apreensão ocorreram em endereços residenciais e comerciais dos investigados e de familiares envolvidos, nas cidades de Guarujá, Santo André, Mauá e São Paulo.  

“A decisão de sequestro de bens corresponde aos valores identificados no rastreamento de criptoativos (5,854 Bitcoins) e visa garantir o ressarcimento das vítimas e descapitalizar a organização criminosa”, reforçou a PCGO.  

Indiciamentos

Os investigados deverão ser indiciados pelos crimes de estelionato/fraude eletrônica, associação criminosa e lavagem de capitais, podendo haver outros indiciamentos no avançar das apurações. 


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