13 de dezembro de 2025
SEGURANÇA PÚBLICA • atualizado em 18/11/2025 às 19:05

Operação Cifra Vermelha expõe avanço de facções em Goiás e coincide com votação da Lei Antifacção

Ação do MP-GO mira núcleo financeiro do Comando Vermelho enquanto país debate endurecimento no combate ao crime organizado
Operação Cifra Vermelha mira núcleo financeiro do Comando Vermelho em Goiás e se soma a outras oito ações contra facções desde 2023. Foto: PCGO.
Operação Cifra Vermelha mira núcleo financeiro do Comando Vermelho em Goiás e se soma a outras oito ações contra facções desde 2023. Foto: PCGO.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) deflagrou, nesta terça-feira (18), a Operação Cifra Vermelha, ação que apura uma rede de lavagem de dinheiro operada pelo Comando Vermelho (CV) no Estado. A ofensiva, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), é a nona operação desde maio de 2023 voltada ao enfraquecimento de facções criminosas que disputam território e influência em Goiás.

A operação ocorre no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados se prepara para votar o PL 5582/2025, conhecido como Lei Antifacção, proposta pelo governo federal para endurecer penas e ampliar instrumentos de combate ao poder econômico dessas organizações.

Investigação mira núcleo financeiro do Comando Vermelho

Segundo o MP-GO, as investigações começaram há um ano e identificaram que integrantes do CV mantinham empresas de fachada para receber, ocultar e movimentar recursos provenientes do tráfico de drogas. A Justiça autorizou o cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão, entre preventivas e temporárias.

Um casal foi apontado como liderança do núcleo financeiro da facção. De acordo com os investigadores, eles chegaram a utilizar contas bancárias abertas em nome dos filhos, de 12 e 14 anos, para movimentar quantias enviadas por traficantes ligados ao Comando Vermelho.

Goiás como rota estratégica do crime organizado

O MP-GO ressaltou que Goiás é um ponto estratégico por integrar a chamada Rota Caipira, corredor usado para escoar drogas vindas do Peru, Paraguai e Bolívia com destino à Europa e à Ásia. A posição coloca o Estado no radar constante de grupos como PCC e CV.

A escalada de operações coincide com a crescente atenção nacional ao tema, especialmente após a megaoperação da Segurança Pública do Rio de Janeiro nos Complexos da Penha e do Alemão, em 27 de outubro, que resultou em 121 mortes e reacendeu o debate sobre força das facções no país.

As nove operações desde 2023

Desde maio de 2023, nove operações buscaram desarticular ramificações de facções em Goiás:

  • Sintonia Goiás (10/05/2023): foco no braço do PCC no sistema prisional e nas ruas.
  • Família (15/09/2023): prisão de advogada suspeita de atuação para facção.
  • Honoris Criminis (21/03/2024): investigação de “célula jurídica” usada por criminosos.
  • Irmandade do Crime (23/04/2024): ação integrada contra o PCC em cinco cidades.
  • Mensageiro (12/08/2024): apuração sobre advogados que transmitiam ordens de criminosos.
  • Sintonia do Entorno (16/01/2025): crimes praticados por membros do PCC no Entorno do DF.
  • Laço Oculto (01/10/2025): prisões em Goiás e Mato Grosso contra elo externo de facção.
  • Vigília (22/10/2025): ofensiva contra faccionados que atuavam dentro de presídios.
  • Cifra Vermelha (18/11/2025): foco no Comando Vermelho e sua estrutura financeira.

Ação paralela da Polícia Civil

No mesmo dia, a Polícia Civil de Goiás deflagrou a Operação Reincidentes, voltada para combater o tráfico de drogas em Goiânia. Mandados também foram cumpridos em Barro Alto, além das cidades fluminenses de São Pedro da Aldeia e Cabo Frio.


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