A ONU (Organização das Nações Unidas) abandonou os planos de retirar pessoas feridas e doentes de Aleppo, cidade parcialmente controlada por rebeldes no norte da Síria atualmente cercada por forças leais ao regime do ditador Bashar al-Assad.
A organização pretendia resgatar civis em situação de emergência humanitária durante os períodos de trégua unilateral em bombardeios sobre Aleppo no final da semana passada. A chamada “pausa humanitária” foi promovida pelo regime sírio com apoio da Rússia, sua aliada, com o objetivo de retirar civis e rebeldes antes de uma ofensiva final sobre a cidade.
No entanto, nenhum doente ou ferido pôde ser resgatado durante o cessar-fogo temporário, afirmou em comunicado na segunda-feira (25) o subsecretário-geral para assuntos humanitários e coordenador de ajuda de emergência da ONU, Stephen O’Brien.
“As retiradas foram obstruídas por vários fatores, incluindo atrasos no recebimento das aprovações necessárias das autoridades locais do leste de Aleppo, condições impostas por grupos armados não-estatais e a objeção do governo da Síria à entrada de suprimentos médicos e de outras formas de ajuda na parte leste da cidade”, afirmou O’Brien.
“Estou revoltado que o destino de civis vulneráveis -pessoas doentes e feridas, crianças e idosos, todos necessitados de cuidado crítico e de sobrevivência- fique implacavelmente nas mãos de partes que vêm fracassando persistente e desavergonhadamente em colocá-las acima de interesses políticos e militares estreitos.”Desde o fim da “pausa humanitária”, no domingo (23), os confrontos e bombardeios foram retomados em Aleppo.
A ONU não consegue ter acesso ao leste de Aleppo desde julho, quando o regime sírio e forças aliadas colocaram o setor oriental da cidade sob cerco, promovendo intensos ataques que mataram centenas de civis e deixaramo cenário urbano em ruínas. Estima-se que aproximadamente 270 mil pessoas vivam nas áreas sitiadas.
O Ocidente, que apoia alguns dos grupos rebeldes envolvidos no conflito sírio, vem tentando pressionar instituições internacionais para iniciar uma investigação de possíveis crimes de guerra cometidos em Aleppo pela Rússia e pelo regime sírio.
Iniciada em março de 2011, no contexto da série de levantes populares conhecida como Primavera Árabe, a guerra civil na Síria já deixou mais de 400 mil mortos.
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