28 de dezembro de 2024
Economia

ONS prevê chuvas acima da média histórica no Sudeste em agosto

São Paulo – Após um mês de julho positivo em termos de chuva, as previsões do Operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico para agosto são igualmente favoráveis. O Informe do Programa Mensal de Operação (IPMO) divulgado nesta sexta-feira, 31, pelo operador aponta que a afluência do próximo mês ficará acima da média histórica para meses de agosto, o que, conciliado a uma demanda mais fraca por energia, deve contribuir para a preservação de água nos reservatórios.

A primeira projeção de agosto indica que a Energia Natural Afluente (ENA) na região Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento de água do País, será equivalente a 101% da média de longo termo (MLT). Confirmada tal projeção, o volume de água armazenada nos reservatórios chegará ao dia 31 de agosto com o equivalente a 36,6% da capacidade de reservação.

O número sugere uma quase estabilidade em relação ao volume atual, de 37,46%, segundo dados divulgados pelo ONS referentes a quinta-feira, 30. A projeção do operador também indica que a situação dos reservatórios do Sudeste, ao final de agosto, será mais favorável do que aquela registrada no mesmo período do ano passado. Em agosto de 2014, os reservatórios atingiram 30,26% de capacidade de armazenamento.

Térmicas

Os dados divulgados nesta sexta-feira, 31, corroboram a teoria de que o ONS poderá desligar algumas térmicas consideradas mais caras até o final do ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, o atual nível de geração térmica do sistema elétrico nacional, de aproximadamente 15 GW, poderia cair para aproximadamente 12 GW no final do ano.

A redução da geração térmica a partir dos desligamentos das usinas mais caras pode contribuir para que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) altere a cor do sistema de bandeiras tarifárias em vigor desde o início do ano. Na última quarta-feira, 29, o Broadcast noticiou que a equipe de análise do Santander já começa a considerar a possibilidade de a bandeira vermelha migrar para a amarela até o final do ano.

Embora este não seja o cenário base considerado pelo banco, a continuidade de um volume mais forte de chuvas e de um menor consumo de energia pode antecipar o desligamento de térmicas. A substituição da bandeira vermelha para a amarela provocaria uma redução média de 7% nas tarifas de energia, segundo a analista do Santander, Maria Carolina Carneiro.

Quando a bandeira vermelha está acionada, a tarifa de energia sofre acréscimo de R$ 5,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Na bandeira amarela, o valor estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de R$ 2,50 para cada 100 kWh. Desde o início do ano o sistema de bandeiras é representado pela cor vermelha, condição que permanecerá em agosto.

Preocupação

Apesar de os números divulgados hoje pelo ONS reforçarem a possibilidade de antecipação no desligamento das térmicas, o Sistema Interligado Nacional (SIN) ainda enfrenta um risco relevante com origem no submercado do Nordeste. As afluências previstas para agosto equivalem a 54% da média histórica mensal. Com isso, o nível dos reservatórios deve chegar ao final de agosto em 18,5% da capacidade de armazenamento. Em agosto do ano passado, quando a situação já era preocupante, os reservatórios terminaram o mês com 27,25%. Hoje esses reservatórios operam com 22,61% da capacidade.

A situação do Nordeste contrasta com a região Sul, onde fortes chuvas provocaram estragos recentes em diversos municípios. O ONS projeta que a ENA será equivalente a 132% da MLT. Com isso, os reservatórios devem terminar o mês com o equivalente a 97,1% da capacidade de armazenamento. Ontem, o indicador estava em 96,89%, o que revela que o nível dos reservatórios continua a subir em pleno inverno, um período historicamente mais seco.

No Norte, a ENA prevista é de 82% da média histórica em agosto. Os reservatórios devem chegar ao dia 31 de agosto com o equivalente a 67,3% de capacidade. Dados de ontem apontam que a região opera com 75,80% das reservas.

Demanda

Chama atenção, além do volume de chuvas além do esperado, a queda do consumo de energia no País. O ONS projeta que a carga de energia em agosto, indicador que dimensiona a expectativa de demanda elétrica, apresentará queda de 3,3% em relação a agosto de 2014. A carga no mês deve atingir 61.068 MW médios.

A variação negativa é influenciada pela queda esperada de 5% no submercado Sudeste/Centro-Oeste e de 4% no Sul. Nas regiões Nordeste e Norte, a carga deve crescer 1,2% e 1,5%, respectivamente.

A retração da demanda nas regiões Sudeste e Sul já foi dimensionada pelo governo, e por isso a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) reduziu a previsão de consumo de energia elétrica em 2015. A projeção anual foi revisada de -0,5% para -1,6%.

No primeiro semestre, o consumo já encolheu 1,1%. De acordo com a EPE, a queda decorre do aumento das tarifas de energia elétrica, da reprogramação de investimentos setoriais, da redução da confiança dos consumidores e da diminuição observada do poder aquisitivo do brasileiro.

CMO

A retração da demanda e as melhores perspectivas em relação à afluência também já se refletem no Custo Marginal de Operação (CMO) determinado pelo ONS, indicador que baliza o preço de liquidação das diferenças (PLD) do mercado spot de energia. Nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Norte, o indicador foi reduzido em 35%, para R$ 111,57/MWh. O CMO da região Sul ficou no mesmo patamar, o que, por outro lado, representa uma expansão de 41,4% sobre o indicador da semana passada.

O custo mais elevado permanece na região Nordeste, com um preço de R$ 251,18/MWh válido para a semana entre 1º e 8 de agosto. Na semana anterior, o CMO havia sido definido em R$ 379,26/MWh.


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