Vários ônibus começaram a entrar neste domingo (18) no último reduto rebelde da cidade síria de Aleppo para retomar a retirada de civis e combatentes insurgentes, interrompida na sexta-feira (16).
“Os ônibus começaram a entrar nos bairros de Zabdiye, Salaheddin, Al Mashad e Al Ansari, ao leste de Aleppo, sob a supervisão do Crescente Vermelho e do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para retirar os terroristas que restam e suas famílias”, informou a agência oficial síria Sana.
O regime de Bashar al-Assad utiliza a palavra “terrorista” para fazer referência aos rebeldes.
Milhares de civis com fome e em meio ao frio aguardaram durante a noite por uma saída que havia sido adiada por novas divergências entre o regime sírio e os rebeldes.
No último reduto insurgente, cercado pelo exército sírio, a espera era insuportável para dezenas de feridos que sobreviviam em condições extremamente precárias.
Em um hospital da região, o clima era de apreensão. Enfermos e feridos estavam encostados no chão, não havia água ou comida e o edifício contava com um aquecimento mínimo, apesar da temperatura de seis graus abaixo de zero durante a noite.
O fisioterapeuta Mahmud Zaazaa disse que restavam apenas “três médicos, um farmacêutico e três enfermeiros” na zona.
O principal obstáculo para a saída dos civis de Aleppo era uma divergência sobre o número exato de pessoas que deveriam deixar Fua e Kafraya, duas localidades xiitas controladas pelo regime e cercadas pelos rebeldes na província vizinha de Idlib, noroeste da Síria.
Segundo o acordo alcançado entre Turquia, que apoia os rebeldes, e Rússia e Irã, aliados do regime de Assad, essa retirada deveria coincidir com a de Aleppo. Mas os rebeldes aceitaram permitir a saída de 1.500 pessoas de Fua e Kafraya, enquanto Teerã pede a saída de 4.000.
O Conselho de Segurança da ONU votará neste domingo (18) à proposta francesa de enviar observadores à cidade síria de Aleppo para supervisionar a retirada de civis e informar sobre sua proteção.
O Conselho se reunirá para examinar o rascunho de resolução apresentado pela França, apesar da oposição da Rússia, aliada do governo sírio e que tem poder de veto no organismo.
O texto divulgado pela França afirma que o Conselho se declara “alarmado” pela crise humanitária nesta cidade e pelo fato de que “dezenas de milhares de habitantes sitiados em Aleppo” precisam de ajuda de emergência e ser retirados da localidade.
Neste domingo, o secretário-geral da Otan defendeu a decisão da organização de não intervir na guerra na Síria.
“Na Síria está acontecendo uma catástrofe humana horrível. Às vezes é oportuno um deslocamento militar, como no Afeganistão”, disse Jens Stoltenberg ao jornal alemão Bild am Sonntag.
“Mas às vezes os custos de uma operação militar são maiores que os benefícios. No caso da Síria, os sócios da Otan chegaram à conclusão de que um deslocamento militar teria apenas agravado uma situação terrível, talvez estendendo o conflito a toda região”, completou.
Folhapress
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