23 de novembro de 2024
Brasil

Oito em dez brasileiros acham que automação vai agravar desigualdade, diz estudo

Reprodução/Internet
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Oito em dez brasileiros acham que a entrada de robôs e computadores no mercado de trabalho vai agravar ainda mais as desigualdades entre ricos e pobres no país. A conclusão é de um estudo do centro de pesquisas Pew Research Center divulgado nesta quinta-feira (13).

Além do Brasil, o levantamento do Pew foi feito a partir de dados de outros nove países: Grécia, Japão, Canadá, Argentina, Polônia, África do Sul, Itália, Hungria e EUA. 

Os brasileiros aparecem em terceiro lugar entre os mais preocupados com o aumento da desigualdade em decorrência da eliminação de empregos com a adoção das máquinas. Eles ficam atrás de gregos (87%) e argentinos (86%).

O pessimismo também fica claro na avaliação de que as pessoas teriam mais dificuldade de encontrar emprego. De novo, o Brasil surge na terceira posição, com 83%. Grécia e Argentina lideram nesse quesito.

Para a maioria, muito do trabalho que hoje é realizado por humanos vai ser feito por robôs e computadores nos próximos 50 anos. Nesse sentido, os brasileiros estão entre os que menos veem esse cenário: só 18% acham que definitivamente isso vai ocorrer. Para 61%, a substituição é uma probabilidade.

Em contraste, metade dos gregos (52%) avalia que máquinas definitivamente farão o trabalho de humanos dentro de meio século, percentual bem parecido com o de sul-africanos (45%).

Os brasileiros mais jovens se mostram significativamente mais preocupados que as gerações mais velhas com o impacto da automação no mercado de trabalho. Segundo o Pew, 90% dos que têm entre 18 e 29 anos acham que a automação vai definitivamente acontecer, contra 77% dos que têm entre 30 e 49 anos e 73% dos acima de 50 anos.

O estudo identificou ainda um ceticismo em relação ao benefício econômico trazido pela automação. Em sete dos dez países avaliados, mais da metade da população não acha que a utilização de robôs e computadores em postos de trabalho vai tornar a economia mais eficiente. No Brasil, a fatia é de 47%.

Em nenhum dos países analisados a maioria da população considera que a aplicação de robôs e computadores no mercado de trabalho vai gerar novos empregos e melhorar os salários. 

Os canadenses são os mais otimistas quanto a isso, e só 47% acreditam na associação positiva entre automação e mais trabalho e salário. Os brasileiros empatam com os poloneses em segundo lugar, com 37%.

No recorte por gênero, as brasileiras são mais céticas que os brasileiros: só 32% delas acham que a substituição vai gerar mais emprego e melhores salários, diz o Pew.

O Pew avaliou que a visão mais otimista entre automação e melhora no mercado de trabalho é mais forte entre os que acham que a economia de seus países vai bem. Isso foi observado entre os 42% dos argentinos que avaliam que o país vai bem, e entre os 54% de brasileiros que têm visão positiva da economia.

Já a população mais jovem está significativamente mais preocupada que as gerações mais velhas com o impacto da automação sobre o mercado de trabalho. Segundo o Pew, a inquietação com o tema é mais forte entre brasileiros com idades entre 18 e 29 anos.

O centro também perguntou de quem é a responsabilidade de preparar a força de trabalho para o futuro. Sete em dez brasileiros (74%) acham que o governo deveria compartilhar essa responsabilidade e garantir que eles tenham as habilidades para serem bem-sucedidos. 

Para 73% dos brasileiros, as escolas deveriam desempenhar esse papel, enquanto só 71% acham que eles mesmos são responsáveis por se preparar para o futuro. Por último, 66% atribuem ao empregador essa função.

A OCDE (Organização para o Desenvolvimento Econômico e Social) estima que 14% dos empregos em economias avançadas poderiam estar suscetíveis à automação, e outros 32% poderiam substancialmente ser mudados, afetando as vidas de milhões de trabalhadores.

A Coreia do Sul é um dos países com maior nível de automação, com 600 robôs industriais instalados para cada dez mil trabalhadores em unidades fabris. No Japão, a proporção cai para 300, e nos EUA, para quase 200.


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