23 de dezembro de 2024
Brasil

Oferta de vaga no CE que exige mulher magra gera críticas

Precisa-se: babá que não use celular nos dias de trabalho, que saiba brincar com as crianças entrando no mundo delas, não tenha filhos pequenos, seja magra, não tenha problemas familiares sérios e de boa aparência. Paga-se R$ 1.000, além de bônus de bom desempenho, por jornada de 15 dias ininterruptos.

O anúncio da vaga acima, cuja veracidade não foi constatada, gerou revolta de babás cearenses e internautas desde esta quarta-feira (18). A oferta teria partido de uma mulher de Fortaleza (CE) -ela não foi localizada.

No texto, com 14 tópicos de requisitos, o que mais despertou críticas é a exigência de que a babá seja magra. “Seja magra (pois precisa caber no carro, já que são duas cadeirinhas no banco de trás)”.

“Exigir é normal, mas coisas que sejam reais, não essa história de magreza ou de trabalhar sem folga”, criticou a babá Maria Aparecida Braga, há sete anos na profissão. Para ela, o anúncio revolta por tratar a empregada como “mera serviçal”.

“Sou formada em pedagogia e prefiro ficar desempregada do que me sujeitar a essa humilhação”, escreveu uma internauta numa postagem sobre a “vaga”.

Outra, também em uma rede social, disse que propor bonificação por bom desempenho equivale a contratar babá “como se fosse start-up”.

Entre os outros pré-requisitos citados no texto estão ter experiência comprovada, não ter vícios (cigarro, bebida e celular), ser pontual, responsável e zelosa com a criança, que saiba preparar os alimentos e banhar as crianças e não tenha filhos menores de cinco anos.

Ainda conforme o anúncio, a vaga se destina a interessadas em cuidar de duas crianças, uma de três anos e outra de três meses. “Somos exigentes”, diz um aviso antes da lista de requisitos.

“Não dá nem para comentar uma coisa dessas [exigir babá magra]. É ilegal, não pode”, disse Raimundo Nonato Silva Ferreira, assessor da diretoria do Sintdec (Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Estado do Ceará).

Segundo ele, o anúncio também apresenta outra irregularidade, que é exigir jornada ininterrupta de 15 dias, “devendo ficar de sobreaviso para trabalhar caso seja necessário” nos 15 dias de folga.

“A jornada de trabalho tem de ser de oito horas diárias ou 12 horas por 36. Fora isso, está errado, é fora da lei e, se comprovado, cabe atuação do Ministério do Trabalho”, disse.

O Estado não tem um piso salarial definido, por não existir um sindicato patronal, mas a média recebida pelas babás é de R$ 1.100 mensais, conforme Ferreira. Dependendo do valor do bônus por desempenho, a babá escolhida pela família que oferece a vaga poderá receber mais que a média.

A reportagem reproduz no texto a mensagem que circula nas redes sociais. A suposta autora da postagem do anúncio na rede social não foi localizada nesta quinta-feira (19) nem a publicação original da vaga. (Folhapress)


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