BELA MEGALE E MÔNICA BERGAMOBRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente e herdeiro da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, disse em depoimento à Justiça Eleitoral que era chamado por políticos para resolver situações de urgência, como a construção da Arena Corinthians, em São Paulo, e da Vila Olímpica, no Rio.
Em audiência realizada na tarde de quarta-feira (1º), o empreiteiro foi perguntado pelo ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Herman Benjamin, relator da ação que investiga a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer na eleição de 2014, se ele dava ordens ao governo, já que tinha relação com a então presidente e com o seu ministro da Fazenda Guido Mantega.
Foi então, segundo relatos obtidos pela reportagem, que Marcelo respondeu que “não era o dono do governo”. “Eu era o otário do governo. Era o bobo da corte do governo”, declarou. A frase foi revelada no site do jornal “O Estado de S. Paulo” na quarta.
Marcelo acrescentou que autoridades o escalavam para assumir negócios e obras que ele não queria fazer. Como exemplos, o empresário citou a construção das estruturas metálicas da Arena Corinthians e da Vila Olímpica, que abrigou as delegações de atletas durante os Jogos Olímpicos de 2016.
Marcelo relatou que Eduardo Paes (PMDB), na época prefeito do Rio de Janeiro, afirmou que se a Odebrecht não entrasse na obra não haveria Olimpíada.
O empreiteiro se definiu também como uma espécie de “embaixador” de outros empresários do setor junto ao governo e disse que sempre alertava os colegas de que a relação com a administração federal tinha “custos financeiros” com os quais ele não estaria disposto a arcar sozinho.
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Como a Folha de S.Paulo revelou em setembro de 2016, Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração do grupo e pai de Marcelo, afirmou em fase de negociação de seu acordo de delação que a Arena Corinthians foi uma espécie de presente ao ex-presidente Lula. A informação foi dada posteriormente no depoimento de sua delação.
Conhecida como Itaquerão, a arena do Corinthians foi construída pela empreiteira de 2011 a 2014, quando foi palco da abertura da Copa do Mundo. Custou R$ 1,2 bilhão, quase 50% acima da estimativa inicial do projeto, de R$ 820 milhões.
A obra foi financiada por recursos do BNDES (R$ 400 milhões), títulos autorizados pela Prefeitura de São Paulo (de até R$ 420 milhões) e empréstimos em bancos privados. Na época, o prefeito era Gilberto Kassab (PSD).
A Vila Olímpica, formada por 31 prédios, foi construída pela Consórcio Ilha Pura, formado pela Odebrecht Imobiliária e pela Carvalho Hosken.
Na abertura, o local foi alvo de críticas de vários atletas por apresentar problemas como instalações hidráulicas e elétricas inacabadas. (Folhapress)
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