O ex-presidente da Odebrecht Energia Henrique Valladares disse, em seu acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato, que a empresa pagou, em 2009, R$ 3 milhões a André Luiz de Souza, que na ocasião era conselheiro do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS).
O pagamento, segundo o delator, foi justificado como se fosse uma “consultoria” vinculada a uma demanda referente à usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia.
Após o suposto pagamento para o conselheiro, o Fundo de Investimento do FGTS adquiriu R$ 1,5 bilhão em debêntures emitidas pela Madeira Energia S.A., consórcio para a construção e exploração da hidrelétrica que tem a
Odebrecht Energia como sócia. Debêntures são papéis de dívida privada que rendem juros aos investidores.
A negociação para o repasse dos R$ 3 milhões, segundo o delator, foi feita entre André de Souza e Rogério Ibrahim, então diretor responsável pela estruturação financeira da construção da usina de Santo Antônio.
Após o acerto entre as partes, a ordem para o pagamento teria sido enviada para o setor de operações estruturadas da Odebrecht, classificada pelos investigadores como “departamento de propina” da empreiteira. Souza recebeu sua comissão em dinheiro vivo, segundo o relato.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
Conforme a Folha de S.Paulo adiantou, André Luiz de Souza já foi citado em pelo menos duas outras delações premiadas de executivos da Odebrecht.
Segundo relato de Fernando Cunha Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, a companhia baiana pagou em 2009 R$ 8 milhões a título de “consultoria” para que Souza ajudasse uma das empresas do grupo a captar R$ 650 milhões do próprio fundo.
André recebeu o pagamento, segundo o delator, após o fundo comprar 25% das ações da Odebrecht Ambiental.
O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, conhecido como BJ, também citou o ex-conselheiro em sua delação premiada. Ele disse que às vésperas da eleição de 2010 a Odebrecht negociou pagamento de R$ 13,5 milhões para que André de Souza facilitasse um negócio bilionário com a companhia baiana.
O dinheiro pago a Souza seria uma contrapartida de 1% à aprovação de um aporte de R$ 1,3 bilhão do FI-FGTS para adquirir 30% da Odebrecht Transport Participações, empresa recém-criada pelo grupo.
Souza também já foi delatado pelos donos da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Junior.
Os empresários afirmam ter feito cinco repasses a ele no exterior. Os depósitos somaram US$ 400 mil e foram feitos em uma conta de um banco em Genebra, na Suíça.
A empresa offshore que teria sido usada para transferir dinheiro é a mesma que serviu para repassar propina a nove contas no exterior em benefício do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná.
OUTRO LADO
O advogado de André Luiz de Souza, Angelo Bellizia, disse que não pode se manifestar, já que não teve acesso ao conteúdo das delações dos ex-executivos da Odebrecht. “Quando tivermos acesso ao que foi dito pelos delatores sobre o André, então iremos nos manifestar nos autos do inquérito ou do processo”, disse Bellizia.
O grupo Odebrecht, em nota, disse que “não se manifesta sobre o teor de eventuais depoimentos de pessoas físicas”. A empresa diz que reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. A nota ainda diz que a Odebrecht “já adota as melhores práticas de compliance (medidas anticorrupção), baseadas na ética, transparência e integridade”.
(FOLHAPRESS)
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