19 de novembro de 2024
Brasil

Ocupação de leitos de UTI volta a crescer na rede privada do Estado de São Paulo

Leito de UTI para paciente com covid-19. (Foto: Enio Medeiros)
Leito de UTI para paciente com covid-19. (Foto: Enio Medeiros)

A taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 cresceu 7,5% desde o final de abril na rede hospitalar privada do Estado de São Paulo. Pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp), realizada entre 11 e 17 de maio, mostrou que 85% dos hospitais já têm ocupação superior a 80%. Na pesquisa anterior, em 30 de abril, esse nível de lotação acontecia em 79% dos hospitais. A pesquisa mostrou que, entre aqueles mais lotados, 39% possuem ocupação entre 91% e 100%, enquanto 46% oscilam entre 81% e 90%.

Para o presidente do SindHosp, O médico Francisco Balestrin, esse aumento preocupa, pois pode indicar tendência de alta nos casos de covid-19. “Também nos preocupa o ritmo lento das vacinações e a falta de vacinas, o que obriga a rede de saúde a ficar alerta para atender novos casos”, disse. Segundo ele, manter os protocolos de segurança, como o uso de máscara, lavagem das mãos e distanciamento social, segue sendo a alternativa possível para diminuir internações pela doença.

O sindicato dos hospitais lançou a campanha “Conscientiza Sim”, usando a poesia em formato de rap com o rapper Fábio Brazza para sensibilizar a população. “Os hospitais precisam de tempo para se reorganizarem a fim de se prepararem para receber novos doentes. Como os governos não fizeram campanhas públicas maciças de conscientização, estamos lançando nossa campanha”, disse. As peças estão sendo veiculadas em todas as plataformas de streaming e redes sociais do SindHosp.

‘Kit intubação’

A pesquisa, que ouviu representantes de 90 hospitais privados, com 8.713 leitos clínicos e 4.091 leitos de UTI em todo o Estado, mostrou que a falta de oxigênio e kit de intubação não está totalmente superada. Em 58% dos hospitais, o estoque de kit intubação dá para até 15 dias. Destes, 24% têm estoque só para dez dias e 6% para até uma semana. Segundo o sindicato, a reposição é feita lentamente pela indústria e parte dos hospitais já importa os medicamentos. Apenas 30% têm estoque para mais de um mês.

Quanto ao oxigênio, em 51% o estoque dá para 15 dias, mas 14% têm oxigênio para no máximo dez dias. Nos últimos dez dias, 86% dos hospitais apontaram aumento no preço dos medicamentos, sendo que 31% informaram alta de até 100%, enquanto 26%, aumentos ainda maiores. A pandemia levou 63% dos hospitais a cancelarem cirurgias eletivas (não urgentes). O porcentual é o mesmo de hospitais que afastaram colaboradores por problemas de saúde. Em 53%, o número de pacientes superou a capacidade de atendimento, em 38% faltaram profissionais de saúde e em 34% houve falta de médicos.

Por José Maria Tomazela, Estadão Conteúdo


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