22 de novembro de 2024
Mundo

Oceanos são o verdadeiro pulmão do mundo, diz pesquisador

Oceano Atlântico na costa brasileira (foto Altair Tavares)
Oceano Atlântico na costa brasileira (foto Altair Tavares)

As algas marinhas são responsáveis pela produção de 54% do oxigênio do mundo e os mares atuam como reguladores do clima no planeta. Os dados são do Instituto Brasileiro de Florestas. Sem os serviços prestados pelo oceano, a temperatura poderia ultrapassar 100ºC e inviabilizar a vida na Terra. Além disso, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) indica ainda que peixes e frutos do mar são a principal fonte de proteína para uma em cada quatro pessoas no mundo.

Diante da importância de um oceano saudável para a vida, cerca de 350 pessoas estiveram reunidas na última terça-feira (3/9), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, para participar do Conexão Oceano. Entre os condutores do debate e da sensibilização da plateia estavam personalidades de diferentes setores, como o ator Mateus Solano, as jornalistas Sônia Bridi e Paula Saldanha, a atriz Maria Paula Fidalgo, a velejadora olímpica Isabel Swan, o empresário Vilfredo Schurmann, o surfista Rico de Souza, os pesquisadores Frederico Brandini, Alexander Turra e Ronaldo Christofoletti, entre outras.

Durante o encontro, os participantes debateram os impactos sofridos pelos mares, além de compartilharem formas de engajar a sociedade em torno do tema, que é de extrema relevância para a sobrevivência e para o desenvolvimento econômico e social. O público foi formado principalmente por comunicadores, empresários, representantes da sociedade, pesquisadores e estudantes.

Professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Frederico Brandini destacou o importante papel dos oceanos, lembrando que eles são o verdadeiro pulmão do mundo. “Neles é que estão as algas marinhas responsáveis pela produção da maior parte do oxigênio consumido no planeta. Se quisermos continuar usufruindo da generosidade oceânica, precisamos melhorar o currículo didático do ensino fundamental. Além da educação, outra forma de preservar os mares é comunicando mais e melhor”, enfatizou.

Durante sua fala, Mateus Solano lembrou que os humanos não são donos do planeta. “Somos filhos dele. Precisamos dar alguns passos atrás e entender quais caminhos errados tomamos no decorrer da história. Um deles foi utilizar tanto plástico. Se não repensarmos tudo isso, a natureza continuará sofrendo. E é importante lembrar que ela não precisa de nós. A gente é que precisa dela”, ressaltou.

De acordo com a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes, o objetivo principal do evento – promovido pela entidade em conjunto com a Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da UNESCO, a UNESCO no Brasil e o Museu do Amanhã – foi aproximar as pessoas dos oceanos. “Temos o compromisso de proteger os mares, engajar a sociedade e ajudar a ter uma economia mais forte, bem-estar amplo e vida marinha conservada. A ideia foi detectar os principais desafios e ‘inputs’ para cumprirmos esse objetivo”, disse.

Comunicação

O evento foi o primeiro realizado no Brasil voltado a comunicadores, influenciadores e pesquisadores, com o objetivo de estruturar diretrizes para engajar a sociedade sobre a importância do oceano. “A comunicação é um fator importantíssimo para a conservação da saúde oceânica. Por isso, os meios de comunicação têm papel preponderante na conscientização da população nesta causa. O impacto da não conservação afeta não apenas quem vive no litoral, mas também quem está no interior”, lembrou o vice-presidente da COI/UNESCO na América Latina e Caribe, Frederico Saraiva Nogueira.

Outro ponto importante apresentado no evento é que os oceanos enfrentam problemas que podem influenciar negativamente na segurança alimentar dos seres humanos. “Precisamos reverter esse quadro urgentemente, pois a tragédia é iminente. O Acordo de Paris e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) devem ser cumpridos mundialmente e o Brasil tem um papel fundamental nessas metas, pois tem uma diversidade marinha fantástica, além de grande dependência do sistema marinho. Essa iniciativa de realizar o evento tem um papel preponderante, pois vai ajudar a propagar esse conteúdo e despertar nas pessoas o compromisso de defender o oceano, tão importante para nosso futuro”, disse por vídeo o secretário especial das Nações Unidas para o Oceano, Peter Thomson.

Para Alexander Turra, Cátedra UNESCO para Sustentabilidade dos Oceanos, é preciso relacionar mais a vida do oceano com a vida da sociedade. “Os cientistas precisam ser cada vez mais protagonistas da informação. Não adianta ficar apenas dentro dos laboratórios e não interagir com a sociedade. É preciso comunicar de forma simples e objetiva aquilo que nós defendemos”, afirmou o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

Já Vilfredo Schurmann destacou que “o mar está perdendo fôlego devido ao excesso de poluição. E pude ver isso ao redor do mundo”. Especializada em coberturas ambientais, Sônia Bridi afirmou que “a civilização depende barbaramente da preservação do meio ambiente e algo precisa ser feito”. As ideias surgidas no decorrer do Conexão Oceano farão parte de estratégias de comunicação em prol da conservação e sustentabilidade dos oceanos e da vida marinha, tema da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2021 a 2030. (Com informações da Fundação Boticário)


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