21 de dezembro de 2024
Cidades

OAB/GO: Presidente é alvo de gravação clandestina feita por colegas em sua própria sala

A reunião aconteceu na manhã deste terça-feira, 2. Participaram Ana Lúcia Amorim Boaventura, secretária da Casag e presidente da Comissão de Direito Médico e de Defesa da Saúde; Eliane Rocha, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e conselheira seccional, e Marlene Moreira Farinha Lemos, presidente da Comissão das Sociedades de Advogados e também conselheira seccional.

Lúcio Flávio convocou as três para comunicar que estavam sendo afastadas por quebra de confiança. O áudio do encontro foi parar nos grupos de WhatsApp. Não há ainda registro do autor da gravação, e a direção da OAB-GO não decidiu se vai formalizar uma investigação.

Na gravação, o presidente começa avisando: “Gente, é rápido.” De fato. Depois de mencionar “tristeza em fazer a reunião”, observar que estaria enfrentando “muitos problemas” desde o começo do ano, e afirmar que recebeu uma notificação na sexta-feira contendo a assinatura das três – “Eu nunca tinha sido notificado”, chega a enfatizar -, ele vai direto ao ponto: a partir dali elas estavam afastadas de suas respectivas presidências, que são cargos de confiança.

“Vejo (a notificação) como voto de desconfiança pessoal”, argumenta o presidente na gravação. Por isso, acrescenta, não poderia “continuar dando voto de confiança pessoal” às três. Lúcio Flavio afirma ainda às advogadas que o fato constitui “clara insinuação de falta de honestidade e transparência” de sua parte, o que não poderia aceitar.

Uma das presentes tenta argumentar, mas o presidente logo encerra o assunto: “Agradeço o trabalho de vocês em nome da advocacia.” O tom é cordial, mas significa um corte brusco na conversa. Em certo momento, ele deixa claro que não queria ouvir as justificativas.

A crise agravada agora com a gravação clandestina começou na semana passada, quando Lúcio Flavio iniciou processo de destituições de presidentes de comissões importantes. A ação faz parte do que, em nota, o presidente chamou de “oxigenarão” natural, no mandato que vai pela metade. Na prática, o ato tem componente político forte: estão ficando ou sendo nomeados aqueles que são ligados e apoiam de forma aberta a atual gestão.

À parte a discussão de ordem legal e ética que o caso já suscita entre os que tomaram conhecimento do ocorrido, ele no mínimo cria uma questão de ordem para os advogados, sempre tão ciosos de sua responsabilidade social: o que dizer e o que fazer com quem grava de forma clandestina o presidente da entidade que os representa, ferindo o que todos os ouvidos até agora entendem como princípios constitucionais?

Uma coisa é certa: não há registro, na história da OAB-GO, de que outro presidente, da situação ou da oposição, tenha sido gravado sem o seu consentimento e dentro de sua própria sala, na sede da entidade. Ainda mais conversando com colegas advogados.


ABAIXO, ÍNTEGRA DO ÁUDIO QUE FOI DISTRIBUÍDO VIA WHATSAPP, SEM EDIÇÃO E SEM CORTES

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