Um dos principais críticos da aliança do PSDB com o governo de Michel Temer, o senador Tasso Jereissati (CE) acredita que uma aliança tucana com o PMDB será difícil em 2018 porque “a maior parte de seus líderes” já declarou apoio ao ex-presidente Lula.
À reportagem, na véspera da convenção que elegeu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidente do partido, Tasso defendeu que a legenda adote para 2018 uma agenda reformista com comprometimento com “postura ética e moral”.
Destituído da presidência do PSDB pelo senador Aécio Neves (MG), ele diz que sua relação com o mineiro é “incolor” e diz que o papel dele a partir de agora é de “provar sua inocência”.
PERGUNTA – Qual a cara que o partido vai ter em 2018 e como pretende se recuperar dessas críticas?
TASSO JEREISSATI – A cara vai ser de um partido reformista, e nós somos a favor da reforma da Previdência, um partido liberal na economia, avançado nos costumes, mas com uma política social bastante consistente. Ao mesmo tempo que se compromete com postura ética e moral absolutamente corretas.
P – Isso quer dizer adotar um código de conduta e punir quem cometer erros?
TJ – Isso não é mais um desejo, é uma obrigação.
P – Tem espaço para uma aliança com o PMDB?
TJ – Eu acho que espaço tem, eu acho difícil à medida que o PMDB já se manifestou através de seus líderes. A maioria já está com o Lula, pelo menos é o que estão dizendo.
P – Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) pediu para deixar o governo. Como fica relação com o Planalto?
TJ – A relação que nós temos pregado sempre: fora do governo, independente do governo, defendendo aquilo que for bom para o país e criticando o que é criticável.
P – O que é criticável?
TJ – Tem muitas coisas que são criticáveis, até essa relação que o governo estabeleceu com o Congresso: fisiológica, e baseada não no convencimento, mas na troca.
P – Qual papel agora do senador Aécio, com a saída dele da presidência do partido?
TJ – Eu acho que de provar a sua inocência.
P – Ele vai ser alvo de um processo interno do partido?
TJ – Não, não estou propondo isso, não sou de caça às bruxas, é de olhar para frente.
P – Quando estava na presidência, o senhor defendeu que o partido fizesse uma autocrítica. Isso deve ter continuidade com Alckmin?
TJ – Eu não tenho dúvida nenhuma que tem ser continuado e vai ser continuado. O que está em jogo agora é o destino do nosso partido e do país. Nosso país depende muito do nosso partido.
P – A formação de um novo comando do PSDB mostra que ainda existem divergências no partido. Como o PSDB vai lidar com isso?
TJ – Sempre vai haver divergências. O partido nunca foi absolutamente homogêneo. O comportamento da ética, da moral e da coisa pública… sobre isso não deve haver divergência.
P – Como está relação do senhor do Aécio depois que ele o destituiu da presidência do partido?
TJ – Incolor.
(Folhapress)
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