07 de agosto de 2024
Eleições 2024

“O PSDB é de centro”, afirma Matheus Ribeiro, com pré-candidatura que nega extremos

O pré-candidato à prefeitura de Goiânia considera que o partido se caracteriza como de centro, pela oposição da legenda às políticas de direita e esquerda
Matheus Ribeiro falou sobre a pré-candidatura, opositores, alianças políticas e fez críticas ao governo municipal de Goiânia. Foto: Diário de Goiás
Matheus Ribeiro falou sobre a pré-candidatura, opositores, alianças políticas e fez críticas ao governo municipal de Goiânia. Foto: Diário de Goiás

O pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSDB, Matheus Ribeiro, concedeu entrevista ao Diário de Goiás sobre sua pré-candidatura e as expectativas para o pleito. Ao editor chefe Altair Tavares e ao comentarista político Vassil Oliveira, Ribeiro falou sobre aliados políticos, oposição, fez críticas ao atual governo da Capital e afirmou que sua campanha negará extremos.

Focado em mudar a concepção política tucana, ele considera o PSDB como um partido de centro. Um partido que, na sua opinião, “tem coragem de ser oposição a tudo”, inclusive aos atuais governos federal, estadual e municipal. Questionado sobre sua afirmação de o PSDB ser um partido de centro e não progressista, o pré-candidato afirmou veementemente que, para ele, trata-se de uma legenda centrista, que não se alia a ideologias extremistas. “O PSDB se caracteriza como um partido de centro. Eu sou um homem de centro”, defendeu.

Confira abaixo a entrevista com Matheus Ribeiro na íntegra:


ENTREVISTA – MATHEUS RIBEIRO

Altair Tavares: A partir do lançamento, o que é que foi desenvolvido na sua pré-candidatura até agora?

Matheus Ribeiro: Primeiramente, é uma alegria falar com o Diário de Goiás. Eu acho que é um momento muito marcante na minha trajetória pessoal ser um pré-candidato jornalista, porque o Jornalismo tem essa possibilidade de sempre ouvir a sociedade e aí balizar o seu trabalho para que consiga realmente atender a sociedade. O primeiro passo foi aquele evento de lançamento da pré-candidatura, porque desde a primeira oportunidade, em que eu falei abertamente sobre o meu desejo de ser candidato e, mais que isso, de ser prefeito de Goiânia, eu disse que esse deveria ser um projeto coletivo. Dentro do PSDB nós tivemos outras pré-candidaturas, nós tivemos outros nomes sendo colocados. Da vereadora Aava Santiago, que também é presidente municipal do partido. Do Valdivino de Oliveira, que é ex-deputado federal, foi vice-prefeito do Iris, secretário de Finanças tantas vezes em Goiás e no DF. E, historicamente, o PSDB é um partido de bons quadros. Veja, foi pelo PSDB que nomes como Leonardo Vilela, Giuseppe Vecci, Raquel Teixeira, também tentaram construir uma pré-candidatura a prefeito de Goiânia.

Então, eu gostaria de iniciar dizendo que não é fácil, não é um projeto simples, não é um projeto que pode ser feito de qualquer forma, construir uma candidatura em Goiânia que leve o 45 para as urnas. O PSDB é um partido que tem uma grande história tanto nacional quanto aqui no estado, e em Goiânia.

Altair Tavares: Mas para prefeito de Goiânia o 45 esteve ausente muitas vezes, não é?

Matheus Ribeiro: Justamente por isso, porque era um partido que estava ocupando o governo do estado de Goiás e que na sua composição política abriu mão de uma candidatura em Goiânia em nome de outras siglas, de outros partidos. No momento em que a gente retoma esse protagonismo, em que o partido, muito por conta da crise que viveu, mesmo perdendo eleição, diminuindo seu tamanho, quando o PSDB se propõe a renovar e abrir portas para novas candidaturas, como é o caso que nós fazemos agora, isso precisa ser  feito a cada passo e com muita humildade. Então, o primeiro desafio foi poder lançar oficialmente a nossa pré-candidatura. E veja que foi um evento que tentou trazer alguns simbolismos. Eu não quis montar um palanque na frente de todo mundo. Nós fizemos uma roda de conversa e nós nos vimos pela primeira vez. Porque essa é a mensagem que o PSDB traz nesse momento. Uma mensagem de renovação, uma mensagem de um partido que está disposto a buscar na sociedade quadros para construir um ambiente político diferente. Então, desde o lançamento do evento até agora, o que nós temos feito? Conversar com a sociedade.

Para construção política, que é o que nós precisamos fazer enquanto cidadãos. E aí tem uma visão menos mercantilizada da política, menos própria do balcão de negócios, que muitas vezes nós acompanhamos enquanto jornalistas, é fundamental. Eu só sou pré-candidato porque eu tenho ideais de cidadania para esse município e eu acredito que muitos cidadãos goianienses também os tem e são eles que eu estou buscando.

Altair Tavares: O que o pré-candidato está movimentando para formar a chapa, para dialogar e construir essa estrutura?

Matheus Ribeiro: Nós temos um QG formado aqui dentro do PSDB para essa grande missão que é construir uma chapa de vereadores sólida e que possa aumentar a nossa bancada. O PSDB sempre se configurou talvez não pela maior, mas sempre pela bancada mais eficiente. É isso que a gente vê na Câmara, mesmo com uma cadeira só na Câmara Municipal de Goiânia, a vereadora Aava Santiago, faz um trabalho de oposição coerente, consistente e contundente em relação ao prefeito Rogério Cruz. Então, a nossa missão enquanto partido é poder crescer essa bancada, abrindo espaço para candidaturas que também representem esse perfil de renovação, abrigando colegas que já tenham mandato e que muitas vezes encontram dificuldades para estarem presentes em outras siglas, às vezes por questões muito próprias do jogo político e, sobretudo, conseguindo construir um exército de 38 candidatos a vereador que possam trabalhar também pela nossa candidatura ao paço municipal. Essa é uma questão que eu considero fundamental para que a gente fortaleça o PSDB e os nossos projetos, que são efetivamente de chegar ao poder e mudar a cara do poder. Uma candidatura como a minha, de um jornalista, de um cara jovem e talvez em certa medida até inexperiente, afinal de contas nunca ocupei um cargo público, nunca estive numa cadeira de prefeito, assim como um dia também nunca tinha estado num estúdio de televisão para comandar um jornal e o fiz por seis anos ouvindo as pessoas, ouvindo a população. Agora eu busco esse elo de confiança na sociedade para reunirmos pessoas que talvez ainda não estivessem na política por descrença, mas que se preocupam com Goiânia e querem implantar um novo modelo de gestão na prefeitura, não apenas mudar o grupo que está ocupando ou se locupletando do poder. O que nós queremos é implantar uma gestão mais eficiente na principal cidade do estado de Goiás. Essa ideia de se locupletar com o poder, essa definição, é a mesma que se dizia do PSDB de pouco tempo atrás, quando estava no poder.

Vassil Oliveira: O que o PSDB traz de novo? Qual vai ser a participação do Marconi, do presidente nacional do partido, do ex-governador, quatro vezes governador, onde é que está o novo?

Matheus Ribeiro: Vassil, primeiro, que essa é a crítica que se faz a todo mundo que por muito tempo ocupa o poder. A gente não pode negar que o PSDB ficou bastante tempo no poder, quase 20 anos aí, ocupando o governo do estado e fazendo gestões que foram muito transformadoras. Eu acho que toda a história é marcada pelos seus erros e acertos e cada um é responsável pela sua trajetória, na sua biografia individual. Mas eu quero muito ter o apoio do Marconi para essa jornada rumo à prefeitura de Goiânia. Ele é o presidente nacional do meu partido, é uma pessoa de extrema habilidade política, de uma inteligência fantástica, que aos 35 anos foi eleito governador do Estado, sem ter uma família, um sobrenome político, sem representar necessariamente oligarquias de poder. Exatamente a partir desse aspecto que eu me referencio e que busco apoio de Marconi. A participação que ele terá na minha campanha é total, e quanto mais ele quiser participar, mais feliz eu fico, porque é um apoio importante

Vassil Oliveira: Que mudança vai ser essa? Que mudança que você prega com o Marconi por trás da campanha e talvez do governo com a visão de que Marconi representa um tempo que já passou?

Matheus Ribeiro: O prefeito sou eu [afirma, considerando a possibilidade de eleição].

Vassim Oliveira: E o que que você então traz como diferente, de novo, em relação ao PSDB, ao União Brasil, aos outros. Qual a novidade?

Matheus Ribeiro: A novidade significa não vir de uma oligarquia política. Não vir de um poderio que é muitas vezes patrocinado pelas estruturas de poder, como muitas vezes a gente vê o Palácio das Esmeraldas querendo escolher o próximo prefeito dentro do seu gabinete. Como muitas vezes a gente vê a prefeitura ser utilizada para projetos de poder desses grupos. Vassil, eu sou um jornalista tal qual você, eu tenho 30 anos de idade, eu tenho uma trajetória marcada pela minha independência. Fui candidato a deputado federal com 28 anos, fui votado em 244 municípios de Goiás, zelo pela minha trajetória e pela minha independência. Eu não nego apoio de quem quer que seja, mas eu estou muito ciente da minha capacidade de tomar decisões. Eu sou um profissional, eu sou uma pessoa que tem uma visão de mundo, que tem ideais e que tem coragem para trabalhar. Eu não sou teleguiado por quem quer que seja, julgar dessa forma é até um preconceito em relação a minha inteligência e a minha capacidade.

Vassil Oliveira: Primeiramente, não tem julgamento, tem pergunta. 

Matheus Ribeiro: Eu disse porque talvez seja um entendimento natural, quando eu comecei a exercer minha profissão, eu ainda não tinha me graduado. Eu fui contratado pela TV Anhanguera, eu estava no meu penúltimo período do curso de jornalismo da UFG. E foi um período muito difícil da minha carreira, porque eu tinha que lidar com um certo descrédito. Lidar com um certo descrédito quando se é jovem é natural, e eu compreendo isso. Talvez, o ritmo que a gente precisa imprimir nas mudanças da sociedade seja um ritmo mais lento para que as mudanças aconteçam com a devida segurança. Eu não quero ser um aventureiro, eu não quero ser alguém que faça promessas vazias ou que articule para que nós tenhamos aí uma eterna campanha política, que é isso que muitas vezes a gente vê acontecendo no Brasil, os políticos não descem do palanque. Eu sou uma pessoa que decidiu iniciar uma trajetória política depois de 10 anos de profissão e no momento em que eu tenho condições para isso. E quando eu falo em condições, não são condições financeiras, porque eu sou um trabalhador, eu vivo da minha empresa, eu caminho com as minhas próprias pernas.

Eu falo condições, inclusive, de disposição, de juventude, de coragem para enfrentar uma agenda que, vocês sabem, não é fácil. Então, quando eu falo em julgamento, não é que seja necessariamente um julgamento de sua parte. Até porque, enquanto jornalista, eu gosto de fazer qualquer pergunta e estou preparado para qualquer resposta.

Altair Tavares: Agora, uma coisa é fato, você traz um perfil, do que explicou, de renovação, mas traz a história do PSDB. Isso não é como um desafio?

Matheus Ribeiro: E que desafio. O PSDB é um partido que foi construído nessa retomada democrática do Brasil. É um partido que conseguiu compreender que para as dimensões que nós temos de país, que é um país continental quase, algumas experiências, alguns problemas só poderão ser solucionados, só poderão ser atacados com soluções e caminhos que a gente se referencia nas ideologias de esquerda, mas que nós precisamos ter uma inteligência para compreender os ritmos de transformações sociais e as dinâmicas da economia, as dinâmicas da sociedade para construirmos políticas públicas em relação ao cotidiano, em relação às leis trabalhistas, em relação ao processo de organização da vida pública, por isso que o PSDB se caracteriza como um partido de centro. Eu sou um homem de centro.

Altair Tavares: Social-democrata?

Matheus Ribeiro: Mas, Altair é um partido de centro, é um partido que consegue, inclusive, e provou isso nas suas gestões, aplicar muito bem as suas ideologias. É um partido que consegue transformar em resultado prático. Eu tenho uma mãe que foi graduada na Universidade Estadual de Goiás no momento em que o governo do PSDB, em que a professora Raquel Teixeira identificou a necessidade de nós qualificarmos os professores de Goiás, e isso foi feito. Minha mãe, até então, tinha uma formação que não era a mais adequada para contribuir com a educação do Estado. Eu abri a minha empresa, que hoje completa dez anos, que é uma agência de comunicação que atende clientes nacionais, a partir de microcrédito de 30 mil reais da Goiás Fomento. Então eu também sou fruto das políticas públicas implementadas pelo PSDB. Hoje ser de centro é sim dizer não aos extremos que muitas vezes tentam polarizar a discussão política, num processo de retroalimentação, num processo em que a gente entra num looping em que o poder passa a ser utilizado em favor desses líderes, favor dessas ideologias e o PSDB tem a coragem de ser oposição a tudo. É oposição ao Governo Federal, é oposição ao Governo do Estado, é oposição ao prefeito Rogério Cruz. O nosso diálogo é com a sociedade.

Altair Tavares: O candidato naturalmente busca aliados, diz que busca esses apoios. Hoje, do ponto de vista de alianças políticas, desde o seu lançamento até agora, foi possível fazer algum diálogo com partidos que tenham interesse ou o PSDB está no caminho de ter uma candidatura sozinho?

Matheus Ribeiro: Eu entendo que agora todos os partidos estão muito focados na formação da sua chapa na Câmara Municipal. Óbvio que esse também é um momento importante para que a gente consiga discutir a sucessão municipal, mas em alguns partidos esse processo se encontra cada um ao seu estágio, cada um ao seu modo. Eu acho que é natural que haja um processo de depuração. Eu digo isso com a certeza de que eu sou um pré-candidato que precisa construir cada vez mais uma agenda próxima à sociedade. Eu preciso chegar até as convenções do PSDB com uma aliança junto à sociedade, com um diálogo já estabelecido. É isso que eu venho buscando. Da mesma forma, eu acredito que isso acontece em outros partidos, eu acho que existem quadros muito bons que estão com o nome na disputa nesta pré-candidatura. Eu acho que é um processo de diálogo que precisa ser feito com calma. Não estou disposto a alianças meramente pragmáticas, Altair, eu acho que nós precisamos ter uma aliança mais sedimentada na base de ideias, porque é o que o eleitor goianiense está buscando, eu sinto isso, a gente não pode sair de um momento em que a prefeitura está dividida em feudos de poder, está dividida em grupos que controlam determinadas áreas para construir alianças no mesmo sentido. Se a minha pré-candidatura fala em renovação, se a minha pré-candidatura fala em inovar, como o Vassil bem questionou, eu preciso demonstrar isso em alguns gestos. Então, seria muito tranquilo também da nossa parte, enquanto federação, enquanto PSDB e cidadania, colocar na rua uma candidatura chapa pura. Isso não seria um fator de extrema dificuldade. Eu acho que eu não me prendo a tempo de televisão, eu não me prendo somente a uma aliança para que a gente chegue ao poder de qualquer forma e lá a gente vê o que vira. Porque é dessa forma que muitos ganharam e que muitos fizeram o que fizeram com a Prefeitura de Goiânia. 

Vassil Oliveira: Por isso que eu até gostaria de insistir num ponto. Até agora, você apresentou uma carta de princípios de fazer uma renovação e uma mudança, na prática o que é essa mudança?

Matheus Ribeiro: Primeiro que a gente precisa das ideias, porque senão, sem elas, os nossos projetos passam a ser extremamente cartesianos, a gente não lida com uma prancheta, a gente lida com a sociedade e a gente falar sobre as nossas percepções, os caminhos que nos levam a política, eu acho que é imprescindível para que a gente entenda onde está a realização daquele que pretende governar a cidade. A minha realização está muito em vivenciar o mesmo sentimento que eu vivencio com o jornalismo, que é de me sentir elo da sociedade, que é me sentir parte integrante do mundo. Eu me importo com as pessoas, eu me importo com a cidade, eu me importo com o mundo ao redor e eu gosto de trabalhar por isso. Eu acho que a gente pode sintetizar essa renovação na construção de um novo modelo de gestão para a prefeitura de Goiânia.

Hoje, nós temos 30 estruturas que não secretarias e agências, que muitas vezes não têm um propósito muito claro, que muitas vezes se tornam cabides de emprego, que muitas vezes não tem as suas estruturas convertidas em resultados práticos para o cidadão. Veja que, para começar dessas 30 estruturas, só três têm a presença de mulheres, uma delas, inclusive, é pré-candidata à prefeita de Valparaíso, não é de Goiânia, acho que é uma pessoa extremamente capacitada, mas não tem um vínculo com a nossa cidade. Mais que isso, algumas pastas não têm um serviço muito claro, um escritório de prioridades estratégicas. Está cuidando do que necessariamente, assim, na prática, no dia a dia? Eu acho que nós precisamos fazer um enxugamento da máquina pública.

Essa prefeitura que num dia só contratou mais de mil comissionados, o que é uma empresa que contrata mil funcionários num dia? Qual o serviço? Isso é custo? Vamos supor que cada um está ganhando um salário mínimo? Vamos fazer conta, conta de padeiro. Mil pessoas, mil comissionados. Então, eu acho que é esse tipo de situação que a gente quer transformar com um novo modelo de gestão. Isso significa que a gente precisa sentar a bunda na cadeira e estudar muito. Eu não vou ser leviano de abrir a boca aqui, de falar um monte de bobagem. É justamente por isso que eu estou buscando o apoio e a confiança de pessoas, como eu já citei aqui há pouco, alguns exemplos, que possam me fornecer informações, que possam me ajudar no diálogo com os segmentos da sociedade. E nós já temos feito isso, nós temos feito diálogo com os médicos, nós temos dialogado com os advogados, nós temos dialogado com os professores, com os profissionais da saúde, para que a gente consiga construir uma prefeitura mais eficiente e que funcione.

Então, o exemplo da renovação é justamente esse, um novo modelo de gestão para Goiânia onde os serviços públicos cheguem mais diretamente à vida do cidadão por meio de um processo de descentralização. Há quatro campanhas eu ouço muita gente prometer que vai implantar subprefeituras. Ninguém fez isso por falta de coragem política, fundamental, eu não digo subprefeituras. A gente precisa estudar o melhor modelo para ser feito, o modelo que mais se adapta às estruturas que já existem em Goiânia. Até porque eu não defendo sair construindo prédios, sair aumentando a máquina, a gente precisa estudar…

Muita gente não teve coragem de implantar uma administração mais descentralizada, porque isso significa mexer nos núcleos de poder, isso significa mexer nos interesses de muitas pessoas que estão presentes na administração ou na Câmara Municipal. Eu acredito que regionalizar é fundamental. Nós temos sete regiões, cada uma delas tem um perfil de desenvolvimento diferente. Você precisa criar estratégias para que os moradores da região encontrem, pelo menos naquele raio, a presença de emprego de qualidade, de moradia de qualidade, de infraestrutura de serviços. Então, construir planos regionais de desenvolvimento para essas regiões por meio de uma estrutura mais descentralizada de administração. Em termos mais práticos, eu acho que essa é a renovação que o projeto do PSDB quer construir, porque isso é um processo. Eu não sou milionário, dono de empresa de milhões por aí, então assim, eu não contratei um time de especialista, eu preciso convencer as pessoas pelas ideias, pela política mais raiz. 

Altair Tavares: Sobre a questão dos operadores e regionalização, implica contratar mais pessoas, mais estrutura, mais pessoas. Como é que compatibiliza isso?

Matheus Ribeiro: Todas as pastas hoje, toda a prefeitura, ela tem uma infraestrutura de serviço. Quando você fala em descentralizar, é você dividir melhor os recursos, não é você necessariamente aumentar o gasto. 

Vassil Oliveira: Do tamanho de Goiânia precisa dividir em sete partes, por exemplo, para fazer a gestão? Isso não vai concorrer com a própria gestão? Criar sete núcleos não concorre com a administração central?

Matheus Ribeiro: Não, pelo contrário. É uma melhor divisão.

Altair Tavares: Na prática, a prefeitura já tem uma subprefeitura, chama-se garagem da Comurg, espalhada pela cidade, na verdade, é a subprefeitura, porque a Comurg está presente em vários lugares, não?

Matheus Ribeiro: E é tão eficiente que a prefeitura está gastando quase meio bilhão para terceirizar a coleta de lixo, não é, Altair?

Vassil Oliveira: Uma visão das últimas gestões é que é insustentável a Comurg na forma como está sendo montada hoje, que por menos da metade é possível fazer a coleta num processo, por exemplo, de terceirização. Qual a solução para a comunidade?

Matheus Ribeiro: Eu acho que isso é uma decisão que precisa ser tomada coletivamente. Primeiro, entendendo que essa é uma empresa pública e ali você tem vidas. Então a gente não pode falar em cortar pessoas, em demitir pessoas de uma forma leviana sem entender realmente qual é o trabalho na ponta que a gente está fazendo. Até porque muitas vezes é fácil demitir o cara que está limpando a rua e manter o cara do colarinho branco lá nos andares da prefeitura.

Então eu não posso adotar um discurso contra uma empresa pública, contra uma empresa municipal que tem uma trajetória, que tem serviços relevantes para a cidade e que precisa ser readequada a um modelo de gestão mais eficiente, sem antes estar plenamente ciente de todas as condições em que essa empresa se encontra. E da forma como nós não temos transparência implementada hoje na sua totalidade na gestão pública, receio Vassil que essa talvez seja uma situação que só consiga ser mapeada efetivamente no momento em que eu sentar na cadeira de prefeito.

Eu acredito que a terceirização não pode ser vista com um pré-conceito. Agora nós estamos falando de um procedimento licitatório altamente questionado, então crítica que se faz não é ao modelo escolhido para prestação de serviço, até porque é possível fazer uma terceirização com economicidade, com uma regulação do serviço para que nós não tenhamos problemas, como esse consórcio que venceu aqui em Goiânia apresenta em outras cidades como Anápolis. Então acredito que a crítica não é ao modelo da terceirização, mas ao valor e ao procedimento licitatório que recebeu críticas e ponderações, não minhas, mas das autoridades legais do Ministério Público.


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