Hoje na coluna Cena Política do Jornal O popular, a jornalista Fabiana Pulcineli, fez uma analise da mudança de opinião do líder do PMDB, Íris Rezende, de outubro de 2009 para agora no novembro de 2013.
Jogo de cena – Fabiana Pulcineli
“O PMDB não pode ficar adormecido até o dia 31 de março. Temos de começar a elaborar um bom projeto para Goiás e pensar até na estratégia da campanha.”
“Os pretensos candidatos têm de pelo menos acompanhar e adotar comportamento de candidato. Quem vai cuidar das alianças, discutir com os partidos? A coisa não pode ficar esperando assim.”
“Acho muito difícil para qualquer partido escolher um candidato apenas seis meses antes da eleição. O candidato não teria tempo nem para planejar uma campanha e muito menos para planejar um governo.
“Se esperarem até março, o candidato que já está em campanha (Marconi Perillo) pode crescer nas pesquisas e ampliar as alianças. A escolha do candidato interfere diretamente na ampliação ou redução das alianças.”
Todas essas frases são de Iris Rezende (PMDB), de outubro de 2009, um ano antes das eleições de 2010. Então prefeito de Goiânia e interessado em disputar o governo, o peemedebista usava os argumentos acima para pressionar o recém-filiado Henrique Meirelles a se definir sobre o projeto para o ano seguinte. Para Iris, o candidato do PMDB teria de ser definido em dezembro de 2009, ainda que Meirelles já tivesse avisado (antes de se filiar) que sua decisão seria apenas no final de março, conforme acerto com o então presidente Lula.
Em dezembro, criticado por parte da bancada federal por conta da “ansiedade excessiva”, Iris declarou que o partido esperaria até março, mas continuou atuando nos bastidores para pressionar Meirelles e mobilizar as lideranças do partido em favor das cobranças por definição.
Afirmou até que se afastaria das articulações e que deixaria que a direção do partido decidisse, o que fez com que a bancada estadual o procurasse em reunião na semana seguinte para pedir que ele não abandonasse as discussões sobre o caminho da sigla.
Iris passou os dois primeiros meses de 2010 cobrando decisão. Em 11 de fevereiro, Meirelles (que a essa altura também parecia mais interessado nas articulações do partido em nível nacional) anunciou que não disputaria o governo de Goiás. Disse que deixaria o PMDB livre em Goiás e que só decidiria algo no final de março por ser “um homem de palavra”.
O resto da história todo mundo lembra. Iris passou a ser aclamado pelas lideranças e base do partido para ser o candidato. Deixou a Prefeitura no final de março para disputar o governo.
Iris agora mudou. Defende que o partido não deve ter pressa em definir um candidato. Em reunião na sexta-feira com a executiva do PMDB, disse que “tudo tem seu tempo”. “Nós não podemos atropelar nenhum processo, principalmente de escolha de quem vai disputar eleição.”
Disse mais: “Eu entendo que não devemos estabelecer datas. A própria lei estabelece período de convenções (junho), de registro de candidaturas, de definição. Quanto maior o número de pretensos candidatos, melhor.”
O que faz Iris Rezende mudar de ideia, quatro anos depois, sobre a melhor data para definição do candidato do PMDB ao governo? Já não o preocupam mais a corrida por alianças, a elaboração de um bom projeto e a atuação do governador Marconi Perillo (PSDB), agora com a máquina na mão?
A mudança de postura mostra que Iris quer que o partido (e também a aliança com o PT) caminhe de acordo com seus interesses. Os argumentos não soam coerentes porque a preocupação maior não é a preparação do partido, mas sim as intenções do peemedebista.
Novamente disposto a ser candidato (alguém ainda tem dúvidas depois da abertura de seu escritório político semana passada?), Iris quer agora adiar ao máximo a escolha do nome. Faz pose de democrata, de que está abrindo espaço para quem tiver interesse, mas não descarta candidatura, o que reduz as chances de crescimento e de articulações de outros nomes. Também parece não estar preocupado com o pedido do PT para que essa escolha ocorra antes de abril, já que os pré-candidatos petistas são prefeitos e teriam de se desincompatibilizar.
O empresário José Batista Júnior também não parece ter o mesmo potencial de crescimento que tinha Meirelles, o que deixa Iris tranquilo. O peemedebista quer novamente ser aclamado lá na frente como a única e mais forte opção da oposição. O mais adequado para o grupo seria evitar teatro e vaidades e se preparar logo para corrigir os erros cometidos nas campanhas passadas.
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