Em seus 12 anos de papado, Jorge Mario Bergoglio revolucionou a Igreja Católica sendo o Papa que mais se aproximou das minorias e pregou a humanidade entre as nações. O primeiro papa latino-americano e jesuíta da história escolheu o nome Francisco em homenagem ao santo conhecido pela renúncia aos bens materiais e pela pregação do amor ao próximo. O lema de seu papado foi “Miserando atque eligendo” (“Olhou-o com misericórdia e o escolheu”, em português).
Na noite de 13 de março de 2013, quando foi apresentado aos fiéis na Praça de São Pedro como novo Sumo Pontífice da Igreja Católica, teve como suas primeiras palavras a frase: “E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo”. O Papa “do fim do mundo”, como ele mesmo se referia pregou o combate à pobreza, iniciou processos de reforma da cúria, defendeu as mulheres e os LGBTQIA+, pediu acolhida aos refugiados, e propagou a paz em todos os continentes.
“O cuidado com os pobres está no coração do Evangelho”
Papa Francisco na Jornada Mundial dos Pobres
Reformas da cúria
As reformas da Igreja Católica foram uma das marcas do papado de Francisco. Ele iniciou um processo de reforma das estruturas da Cúria, que é o governo do Vaticano, com atenção especial para a parte econômica e financeira. Os processos de reformas foram recomendações dos cardeais pré-conclave que pediam ao futuro novo Papa que reestruturasse a Cúria Romana e, em particular, as finanças do Vaticano.
Primeiro Papa a ir ao Iraque
Francisco completou quarenta e sete peregrinações internacionais, feitas com base em eventos, convites de autoridades, missões a serem realizadas ou algum “movimento” interno, como ele mesmo revelou no voo de volta do Iraque. Ele foi o primeiro Papa a pisar na terra de Abraão, onde João Paulo II não conseguiu ir, e a conversar com o líder xiita Al-Sistani.
“Construir pontes, não muros.”
Papa Francisco, visita aos EUA (2015)
Defendeu a acolhida de refugiados
A sua primeira viagem fora de Roma foi à pequena ilha de Lampedusa, cenário de grandes tragédias migratórias, e marcou a visita com a coroa de flores lançada no “cemitério a céu aberto” do Mediterrâneo.
“A globalização da indiferença nos tirou a capacidade de chorar.”
(Homilia em Lampedusa, 2013)
Produziu quatro encíclinas
Foi responsável pela produção de quatro cartas oficiais escritas pelos Papas da Igreja Católica Romana, dirigidas aos bispos e, por eles, aos fiéis, com o objetivo de orientar e ensinar sobre questões de fé, moral eclesial, ou doutrina social. Suas experiências decorrentes de diálogos e os gestos vividos nas viagens fluíram para os documentos do pontificado chamados de encíclinas.
A primeira, Lumen Fidei, sobre o tema da fé, a quatro mãos com Bento XVI; depois, Laudato si’, um grito para invocar uma “mudança de rumo” para a “casa comum”, em crise pelas mudanças climáticas e pela exploração excessiva, e para estimular ações para erradicar a miséria e para o acesso equitativo aos recursos do planeta.
“Não podemos nos acostumar com a injustiça e a exclusão.”
Papa Franciso, Fratelli Tutti (2020)
A terceira encíclica, a Fratelli Tutti, o eixo fundamental do Magistério, fruto do Documento de Abu Dhabi, profecia – antes da deflagração de novas guerras – da fraternidade como o único caminho para o futuro da humanidade. Por fim, a Dilexit Nos para repercorrer a tradição e a atualidade do pensamento “sobre o amor humano e divino do coração de Jesus” e lançar uma mensagem a um mundo que parece ter perdido seu coração.
Denúncias contra assédios no Vaticano
Durante seu papado foram emitidos cerca de 60 Motu Proprio para reconfigurar as estruturas da Cúria Romana e do território da Diocese de Roma, para alterar o Direito Canônico e o sistema judiciário do Vaticano, para emitir regras e procedimentos mais rigorosos na luta contra os abusos. Com o Vos estis lux mundi, Francisco estabeleceu novos procedimentos para a denúncia de assédios e violências e introduziu o conceito de accountability, ou seja, garantir que bispos e superiores religiosos prestem conta de suas ações.
Defesa das mulheres na Igreja
Papa Francisco foi o pontífice que mais confiou a figuras femininas papéis de responsabilidade. Ele criou duas comissões para o estudo das diaconisas, que nunca deixou de recordar o “gênio” feminino e a dimensão materna da Igreja (que “é mulher” porque “é a Igreja, não o Igreja”). Além disso, colocou as mulheres lado a lado com cardeais e bispos nas mesas do último Sínodo sobre a Sinodalidade, irmãs, missionárias, professoras, especialistas, teólogas, às quais deu, pela primeira vez, o direito de voto.
“Todos, todos, todos. A Igreja é para todos.”
Papa Francisco, Jornada Mundial da Juventude (Lisboa, 2023)
Acolhida às pessoas LGBTQ+
Francisco acolheu e chamou para perto das atividades pastorais o público LGBTQ+. De acordo com ele, dentro da Igreja há espaço para “todos, todos, todos”. O Papa também teve a obstinação em dialogar com representantes de outras denominações e religiões cristãs, após séculos de preconceitos e suspeitas, também em virtude do “ecumenismo do sangue”.
Em prol da paz
A pacificação da humanidade foi seu objetivo constante. Pela paz, o Papa Francisco pediu continuamente orações, convocando Dias de jejum e oração – pela Síria, Líbano, Afeganistão, Terra Santa – envolvendo os fiéis de todas as latitudes; consagrou a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria em 2022; organizou momentos históricos, como o plantio de uma oliveira nos Jardins do Vaticano em 8 de junho de 2014 com os presidentes de Israel, Shimon Peres, e da Palestina, Mahmoud Abbas.
“A guerra é sempre uma derrota da humanidade.”
Papa Francisco em discurso contra a guerra
Francisco repreendeu várias vezes os chefes de Estado e de governo que pregavam a gerra e os advertiu de que eles prestarão contas diante de Deus pelas lágrimas derramadas entre os povos, estigmatizou o florescente mercado de armas lançando uma proposta para usar os gastos com armas para criar um Fundo Mundial para erradicar a fome. Pediu a construção de pontes e não a construção de muros, e insistiu em colocar o bem comum acima das estratégias militares, sendo às vezes mal interpretado e criticado.
Papado de grandes feitos
Durante os 12 anos de papado, foram mais de 500 audiências gerais, dez Consistórios para a criação de 163 novos cardeais que restituíram caráter de universalidade ao rosto da Igreja; mais de 900 canonizações (incluindo três predecessores: João XXIII, João Paulo II, Paulo VI); os “Anos Especiais”, entre os quais os da Vida Consagrada (2015-2016), São José (2020-2021) e a Família (2021-2022); quatro Jornadas Mundiais da Juventude: Rio de Janeiro, Cracóvia, Panamá, Lisboa. Dois Jubileus: o extraordinário sobre a Misericórdia em 2016 e o ordinário em 2025, atualmente em andamento, com o tema “Peregrinos da Esperança”.
Com informações do Vatican News
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