O Jornal O Hoje, traz, nesta sexta-feira (19), uma manchete forte, na capa, para tratar dos números do Mapa da Violência, divulgados nesta quinta pelo Diário de Goiás: “O extermínio dos jovens em Goiás”. O texto mostra que dez cidades goianas estão entre as que os jovens mais são assassinados no país, a maior parte delas no Entorno do Distrito Federal.
Somente em 2011, ano conclusivo do estudo, foram 761 homicídios de jovens em Goiás, crescimento de 92,2% em dez anos de análise.
Veja o texto completo, disponível no site do Jornal O Hoje:
“Viver em cidades goianas, tendo a idade entre 15 e 29 anos, tem representado estar na mira da violência. Sobretudo, para homens e negros, que figuram praticamente como agravantes nas estatísticas de homicídios registrados em Goiás e também no Brasil. Divulgado ontem pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a pesquisa Dados do Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil revela números de guerra na mencionada faixa etária.
Somente em 2011, ano conclusivo do estudo, foram 761 homicídios de jovens em Goiás, crescimento de 92,2% em dez anos de análise. A gravidade do número se mostra mais evidente quando se calculado no universo 100 mil habitantes da faixa etária – método comum para se medir a violência nos principais centros. O Estado registrou 69 mortes por 100 mil jovens que residem em cidades goianas, superando a média nacional, de 54,7. A taxa, comparativa, chega a ser maior que a registrada no Iraque durante quatro anos de guerra (2004 a 2007), quando se registrou média de 64,9 mortes por 100 mil habitantes.
Em números absolutos, Goiás teve registrada em 2011 taxa de 36,4 mortes por 100 mil habitantes (2.214 casos), figurando como o 9º Estado mais violento, mesma posição ocupada no comparativo com unidades da Federação no quesito jovens vitimados.
Os números, no entanto, ainda se tornam mais graves ao se analisar as cidades goianas com maior violência contra jovens. Nas cidades com mais de 10 mil habitantes na faixa etária de 15 a 29 anos, dez municípios goianos figuram no ranking entre os 100 mais violentos. Sete delas encontram-se situadas no Entorno do Distrito Federal (DF), região historicamente desassistida tanto pelo governo goiano quanto pelo do DF.
Luziânia, na 12º colocação, apresenta taxa de 218,4 mortes por 100 mil habitantes jovens. O Estudo aponta que na cidade os números mais que dobraram em dois anos, foram de 30 em 2009 para 74 mortes registrados em 2011, em um universo de 33.498 jovens. Também integram a lista Valparaíso de Goiás (26º posição), Águas Lindas de Goiás (36º), Cidade Ocidental (38º), Santo Antônio do Descoberto (40º), Planaltina (67º), Formosa (76º), Aparecida de Goiânia (91º), Caldas Novas (95º), e Goiânia, fechando a lista na 100º posição.
A capital goiana apresentou nada menos que taxa de 92,9 mortes no universo de 100 mil jovens. Em 2009, foram 166 homicídios, número que chegou a 229 em 2011 – crescimento de 37,9% nos crimes em dois anos, em um universo de 246.578 jovens. Cidade vizinha, Aparecida de Goiânia teve números absolutos menores, 87 homicídios, mas, levando para a proporção de 100 mil jovens da cidade, tal índice chega a 96,2.
Professor de Sociologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Flávio Sofiati aponta uma associação direta entre jovens mais afetados e a desassistência social. “A pesquisa revela que 63,4% das mortes de jovens entre 18 e 25 anos é causada pela violência. Eles são jovens, negros e pobres. Esse é um seguimento mais desassistido da sociedade”, pontua.
Na capital goiana, 94% dos jovens mortos são homens. Em todo o Estado, no ano de 2011, foram 1.665 negros assassinados, número que representa mais de 75% do total de número de mortes (2.214). Em dois anos, houve crescimento de 157,3 % de crescimento, sendo que em 2009 foram 647 vítimas negras. A variação de vítimas brancas, no mesmo período, foi de 13,4%, foi de 395 em 2009 para 448 em 2011. “Essa é mais uma demonstração de que vivemos em uma sociedade excludente”, afirma Sofiati. “Esses jovens são presos ou são mortos. É tanto que a população carcerária é predominantemente nessa faixa etária”, afirma o sociólogo.
Além do pouco investimento em Educação e políticas públicas, o professor da UFG aponta a dinâmica do mercado de trabalho atual responsável por grande parte dos problemas sociais no Brasil. “O mercado atual não permite criar novos postos de trabalho que ajudem a ensinar e qualificar os jovens, por isso muitos vivem na informalidade. Desde os anos 90, a cada dez empregos, nove está no mercado informal”, salienta.
Goiânia é 5ª em mortes de jovens mulheres
Mesmo em menor proporção frente ao número de homens mortos, a taxa de mulheres vítimas de violência em comparativos proporcionais com outras capitais posiciona Goiânia entre as mais agressivas contra o sexo feminino. Conforme a pesquisa Mapa da Violência 2013, a capital goiana a segunda no ranking nacional de mortes de mulheres, em sua população total, com índice de 11,3 mortes por 100 mil mulheres.
O número proporcional de homicídios femininos só fica atrás de Maceió, com índice de 12 mortes por 100 mil mulheres. Referente à população jovem, de 15 a 29 anos, Goiânia é a 5ª mais violenta, índice de 18,1 mortes para cada 100 mil mulheres na referida faixa etária. Posiciona-se no ranking atrás apenas de Salvador (18,8), João Pessoa (20), Maceió (23,2) e Vitória (40,9).”
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