Um país que quer crescer em termos econômicos e sociais não precisa só de pão e circo. Necessita de professores. São eles que nos ensinam a sermos cidadãos e não simples esponjas que absorvem o que é conveniente aos que constituem o poder público. Mas não é apenas a baixa valorização salarial do professor da rede pública de ensino que tem disparado o sinal vermelho de alerta da educação. Uma nova preocupação surge em Goiás. A saúde mental desses professores.
O Ministério Público levanta um questionamento a respeito do crescente índice de doenças mentais entre professores da rede estadual. Segundo dados do MP, de janeiro a outubro de 2011 houve 1.310 afastamentos de professores na Secretaria Estadual de Educação por problemas de saúde mental. Esse número corresponde a 26,13% do número total de afastamentos entre professores. Mas não é difícil entender os motivos desses números alarmantes.
Como já apontei, o salário é sim uma justificativa que contribui para que esse índice exista. Mas não é a única. Hoje, ao contrário do tempo em que meus pais eram os alunos sentados nas cadeiras das escolas, o professor deixou de ser a figura admirada, o educador, o formador da sociedade. A realidade agora é outra. O educando vê naquele com o giz na mão uma pessoa que não é digna de respeito. É um mero alguém.
O professor vive a insegurança de ser professor. Ele chega em uma sala de aula para ensinar. Mas corre o risco de ser agredido não apenas verbalmente. Os casos de agressão física de alunos a professores tem se tornado corriqueiros na grande mídia. Com o passar do tempo, com os inúmeros relatos na tv, rádio, impresso… nós ficamos anestesiados perante a gravidade dos fatos e, nos tornamos, mais uma vez, esponjas inertes. Infelizmente os motivos para a saúde mental do professor não estar tão bem não terminam aqui.
A figura de formador social, volto a relatar, no tempo dos meus pais, era outra. O pilar da educação do pequeno brasileiro construído em parceria entre família, escola e até mesmo igreja, foi abaixo. O aluno é despejado na sala de aula por aquele pai que se isenta das responsabilidades que acompanharam o nascimento do filho. Ele condiciona essa função ao professor. A frase “professor, dê um jeito no meu filho, porque eu não consigo”, passa a ser rotina nas escolas.
Enquanto isso, no Brasil, em Goiás… Há ainda quem diga que professor é irresponsável quando exerce o direito de fazer greve. Há ainda quem diga que professor é bem remunerado. Há ainda quem diga que depressão, crise de pânico e tantas outras doenças mentais não passam de frescura de quem não tem o que fazer.
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