Um ano depois dos primeiros casos de Covid-19, o mundo vive um momento delicado com o avanço das variantes do novo coronavírus e enxerga na vacina, que já é uma realidade no mundo, o único caminho para a cura do mal que já vitimou mais de 2,5 milhões de pessoas no planeta, mais de 250 mil apenas no Brasil.
Dono de um dos mais eficientes sistemas de imunização de todo o mundo, o Brasil demorou a se decidir sobre a vacina e hoje amarga a chegada dos imunizantes a contas gotas. Infelizmente, o enfrentamento à pandemia no país não seguiu uma estratégia programada e articulada entre os diferentes entes públicos, o que fez agravar o quadro pandêmico, ao mesmo tempo em que os efeitos colaterais das medidas de contenção da propagação do vírus acabaram causando um acentuado grau de retração econômica, cujas consequências foram o desemprego e a fome. Nesse contexto, a vacina contra a Covid-19 assume, mais do que nunca, condição sine qua non para a superação da pandemia e o concomitante restabelecimento da normalidade econômica no país.
No ano passado, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência concorrente dos estados e municípios para a adoção de medidas de enfrentamento à pandemia. Assim, a União e os demais entes subnacionais são responsáveis e autônomos para adotarem as medidas cabíveis com vistas à proteção da população. Na semana que passou, o mesmo STF decidiu autorizar estados e municípios a adquirirem vacinas contra a covid-19, caso as doses destinadas a esses entes públicos, constantes no Plano Nacional de Imunização, sejam insuficientes.
Gestores estaduais que se destacam nas ações de enfrentamento à pandemia, como é o caso do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos primeiros a adotar medidas de isolamento social como forma de evitar a propagação incontrolável do novo coronavírus, ação que possibilitou a estruturação do sistema público de saúde no estado, não perdeu tempo e assim que a decisão do STF foi anunciada enviou um projeto de lei para a Assembleia Legislativa do Estado solicitando crédito extraordinário para comprar os imunizantes.
Caiado pretende adquirir até um milhão de doses das vacinas já testadas em outros países, como é o caso da Sputnik V, da Rússia, e a CoronaVac, do laboratório Sinovac, da China. Outros laboratórios, como a Pfizer e a farmacêutica AstraZeneca, que inclusive já está sendo ministrada no Brasil, também serão procurados. Ronaldo Caiado aposta nas boas relações comerciais de Goiás com os países produtores da vacina, a exemplo da Rússia, China e até a Índia. O Estado é um dos maiores fornecedores de commodities agrícolas para esses países e o democrata acredita que isso facilitará a negociação para aquisição das vacinas.
A soma de esforços dos gestores estaduais e municipais para aquisição de mais vacinas, que serão enviadas ao Plano Nacional de Imunização (PNI) para distribuição equitativa aos estados e municípios, chega num momento em que o avanço da pandemia aponta o iminente colapso do sistema de saúde brasileiro. O número de pacientes que demandam internações começa a atingir o limite de leitos disponíveis em todo o Brasil. Nesse interim, a vacina é a única forma eficaz de reduzir o número de infectados e, concomitantemente, de internações e óbitos.
Por meio do Plano Nacional de Imunização, um sistema que reúne cerca de 35 mil pontos de imunização espalhados pelo Brasil afora, que podem ser expandidos para até 50 mil postos, é possível imunizar cerca de 30 milhões de pessoas/mês. O que falta, no momento, são doses de vacinas suficientes para suprir toda a demanda. A união em torno da aquisição dos imunizantes, como a que prega o governador de Goiás, é fundamental para que o Brasil comece a experimentar o arrefecimento da pandemia do novo coronavírus, um mal que já é considerado a pior tragédia de todos os tempos.