23 de dezembro de 2024
Brasil

“O direito brasileiro correu muitos riscos com Janot”, afirma Gilmar Mendes

Em entrevista à Rádio BandNews FM no começo da noite desta sexta-feira (27/09), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, comentou sobre as declarações que o ex-procurador-geral da República concedeu à veículos e publicados na noite da última quinta-feira (26/09) sobre sua intenção em assassiná-lo. “Eu jamais imaginei”, respondeu o ministro, quando perguntado se algum dia essa possibilidade já havia passado por sua cabeça.

“Na verdade, eu acho que o direito brasileiro correu muitos riscos com o Janot e acho que sofreu muitos ataques, mas não imaginava que chegássemos a isso da parte física ou a tentativa de um atentado”, afirmou na entrevista que concedeu ao jornalista Reynaldo Azevedo.

Mendes colocou em xeque as investigações por parte de Operações em combate à corrupção. Para ele, interesses “obscuros” podem estar por trás delas. “Eu tenho a impressão de que todos nós estamos descobrindo aqueles que não acreditavam, dessa realidade subjacente a essas operações, especialmente a essa operação Lava Jato”. Ele pontuou inclusive, que essas operações podem ter interesses “criminosos”. “Eu em algum momento já falei que havia algum tipo de organização criminosa, uma organização que investigava o crime mas que também cometia crimes. E agora a gente vê que poderia chegar até ao assassinato né”, salientou.

O que fez os ânimos aflorarem tanto para chegar a este ponto? Para o ministro é necessário analisar o contexto e o que aconteceu de “errado esses anos todos”. “A gente tem que perguntar o que quê fez de errado esses anos todos, para produzir esse monstrengo institucional. Acho que essa é uma pergunta que todos nós que dedicamos à academia, que dedicamos à institucionalidade, o que fizemos de errado para produzirmos esse monstrengo chamado da procuradoria geral da República, chefiada por gente como o Janot. Essa é uma pergunta que eu acho que temos que responder”, pontuou.

Não se furtou da responsabilidade e diz que até o STF tinha conta para prestar. Para ele, a imprensa também teve um papel decisivo e colaborou com um possível endeusamento da Operação Lava-Jato. “Todos nós temos responsabilidade, nós do STF, as pessoas da imprensa e eu acho que o papel da imprensa é decisivo. Essa gente em algum momento assumiu o papel de verdadeiros deuses. Eu falei ontem no plenário do Supremo: nada se poderia falar contra a Lava-Jato. Não se poderia contraria o espírito da Lava-Jato. A Lava-Jato estabeleceu uma nova Constituição. E estamos vendo que sequer, soberanos iluminados eram. Pelo contrário, eram déspotas obscuros”, pontuou.


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