SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois de causar comoção nas redes sociais ao ameaçar fechar as portas, a fintech (novata do setor financeiro) Nubank se posicionou publicamente nesta terça-feira (20) sobre o potencial impacto de mudanças nas regras do mercado de cartão de crédito.
Na semana passada, o governo Michel Temer anunciou plano de reduzir o tempo de pagamento das operações com cartão de crédito aos lojistas para dois dias, como ocorre em outros países. Hoje, os bancos levam até 30 dias para repassar o dinheiro ao comércio. Já o prazo médio entre a compra e o pagamento da fatura, pelo consumidor, é de 26 dias.
Se começasse a valer imediatamente, a medida exigiria mais dinheiro em caixa das empresas de cartão de crédito, com potencial de elevar os juros cobrados do consumidor.
“Empresas como o Nubank, que não estão associadas a grandes bancos com bilhões em caixa, seriam muito prejudicadas. E mesmo que conseguíssemos acesso a esse volume de recursos, isso colocaria em risco o nosso modelo de negócio, que é baseado em sermos altamente eficientes para não termos que cobrar tarifas ou juros absurdos”, disse a fintech em nota.
Existia a expectativa de que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, pudesse confirmar o prazo menor para pagamento em entrevista realizada nesta terça. No entanto, ele afirmou que o tema continuará em discussão com bancos e fintechs. “Felizmente, o Banco Central mostrou hoje que não haverá nenhuma mudança abrupta ou unilateral nas regras de pagamento, e que trabalhará com os emissores, adquirentes, bandeiras e fintechs para definir como eventuais medidas podem ser implementadas de maneira sustentável, gradativa e sem prejudicar a competição, tão necessária nesse setor altamente concentrado”, diz o Nubank.
UM OU OUTRO
O pacote de medidas econômicas do governo prevê alternativas para a indústria de cartões, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ou os emissores de cartões reduzem os juros cobrados no rotativo do cartão ou haverá alteração no prazo de pagamento para o lojista. Goldfajn reafirmou que apenas uma das mudanças será cobrada da indústria de cartões.
Nos bastidores, a informação é de que o governo pressiona pela redução dos juros cobrados pelo consumidor. No rotativo, a taxa ultrapassa os 400% ao ano. Mas isso não deve ser feito por meio de um grande anúncio porque o governo Temer não deseja ser comparado com a gestão da ex-presidente Dilma. Em 2012, a equipe econômica de Dilma usou Banco do Brasil e Caixa para tentar forçar uma queda nos juros para pessoa física.
INVESTIDORES
No começo do mês, o Nubank anunciou sua quinta rodada de investimentos. A DST Global, líder de fundos que faz aportes somente em empresas de internet, investiu US$ 80 milhões na fintech brasileira, e os recursos devem ser utilizados para captar mais clientes. O número de pessoas com o cartão da empresa não é divulgado.
Somando todos os aportes, o Nubank já recebeu cerca de R$ 600 milhões em seus dois anos de existência.
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