23 de dezembro de 2024
Destaque 2 • atualizado em 14/03/2021 às 11:38

Novo decreto permite apenas a compra de alimentos, bebidas, produtos de higiene, saúde e limpeza em supermercado

Procurador-geral de Goiânia, Antônio Flávio de Oliveira. Fotos: Jackson Rodrigues.
Procurador-geral de Goiânia, Antônio Flávio de Oliveira. Fotos: Jackson Rodrigues.

O novo decreto da prefeitura de Goiânia, publicado neste sábado (13), que determina quais atividades devem funcionar neste período de 14 dias, restringe determinados itens em supermercados e congêneres. Desta forma, esses estabelecimentos têm a permissão apenas para vender alimentos, bebidas, produtos de higiene, saúde e limpeza. Assim, proibindo a venda de todas as outras mercadorias.

“Supermercados e congêneres, não se incluindo lojas de conveniência, permitida a venda exclusivamente de alimentos, bebidas, produtos de
higiene, saúde e limpeza, ficando expressamente vedado o consumo de gêneros alimentícios e bebidas no local, bem como o acesso simultâneo
de mais de uma pessoa da mesma família, exceto nos casos em que necessário acompanhamento especial”, diz trecho do decreto.

Antes deste decreto ser publicado, o prefeito Rogério Cruz teve reunião com diversas categorias empresariais que se queixavam da permissão muito ampla para supermercados enquanto outros setores nem sequer poderiam funcionar. Ao Diário de Goiás, vários empresários disseram que o prefeito dificilmente permitiria a reabertura total do comércio, mas que atenderia a alguns pedidos, como a volta das modalidades drive-thru e a ‘pegue-leve’.

O empresário Gustavo Gayer disse que esta decisão de impedir os estabelecimentos de entregar os pedidos aos clientes na porta dos locais é uma decisão “estapafúrdia”.

“Esta é uma das decisões mais estapafúrdias que eu já vi. Impedir que as pessoas possam entregar na porta de seus estabelecimentos de forma individual e com distanciamento. Em que fundamento eles se basearam para fazer isso? Nós estamos falando de uma sociedade que já tá com um nariz fora da água, já teve o ano de 2020 que perdeu sua renda”, disse Gayer.

De acordo com as categorias, desde o primeiro decreto de 1º de março, cerca de seis mil profissionais destas áreas foram demitidos e outros serão já a partir da próxima semana se nenhuma mudança ocorrer. Lázaro Menhada, gerente de um bar em Goiânia, disse que no estabelecimento que ele trabalha haverá a demissão de 70 pessoas se não houver uma flexibilização nesse decreto municipal.

“A gente passou quatro, cinco meses fechados, voltamos a funcionar, fazer tudo que os fiscais e governo pediram, mesmo assim a gente está sendo o mais prejudicado com tudo isso. A gente vê os ônibus cheios, outras atividades funcionam… e a gente só quer o nosso direito de ir trabalhar e cuidar da nossa família”, disse ao DG.

O empresário na área da educação Jenifer Crecci disse que está pessimista em relação à reabertura das atividades comerciais em Goiânia, segundo ele o diálogo com o prefeito não prosperou.

“Nós não temos notícias muito boas. Tivemos aqui na semana passada, o prefeito nos recebeu, apresentamos muitos estudos de casos, estudos científicos que corroboram com alternativas eficientes, porém pouco diferente dessas políticas públicas que estão sendo tomadas pela Secretaria de Saúde e do próprio prefeito. Mesmo assim, o decreto foi prorrogado por mais sete dias, então a nossa expectativa não é muito boa, não”, pontua Jennifer.

Para o presidente do Sindibares, Newton Pereira, o momento é delicado devido à pandemia, mas é preciso, segundo ele, voltar com os trabalhos com segurança sanitária.

“Entendemos que é um momento crítico que estamos vivendo em relação à pandemia. Mas nós queremos ter condições de continuar com nossas vendas”, ressalta.

Em seu pronunciamento neste sábado, Rogério Cruz destacou que o momento é delicado e que novas medidas são necessárias para que haja uma redução de casos de covid-19.

Leia na íntegra o discurso do prefeito Rogério Cruz

“Não podemos cruzar os braços e admitir a morte de milhares de goianos e goianienses por conta da covid-19. Chegamos no pior momento da pandemia no nosso país e para salvarmos as vidas de quem amamos precisamos fazer sacrifícios. Se já vivemos hoje um cenário de pesadelo, tenha certeza: ainda pode piorar.

Isso só vai passar se adotarmos agora, medidas duras para reduzir a circulação do virus. Por isso, estou baixando um novo decreto restringindo por mais quatorze dias as atividades não essenciais de nossa cidade. É um esforço conjunto nosso, com o governo do estado, municípios da região metropolitana, Ministério Público e outras instituições com objetivo de salvar vidas.

Vamos suspender as aulas presenciais nas escolas e manter o funcionamento somente das atividades essenciais como serviços de saúde, supermercados, dentre outros. Os supermercados e mercados poderão comercializar alimentos e bebidas mas é vedado o consumo no local e só pode entrar uma pessoa por família.

Vamos liberar também a venda de alimentos por drive thru e a modalidade pague e leve para pequenos comerciantes que não trabalham com aplicativos. A construção civil de caráter social e interesse público poderá funcionar. Pedimos o máximo respeito a essas regras. Ou fazemos isso ou aceitamos pessoas morrendo nas ruas sem o direito sequer de lutar pela própria vida num leito de hospital.

Novas cepas do coronavírus mais transmissíveis e agressivas já são predominantes em Goiânia. Elas certamente são responsáveis pela escalada de casos, cada vez mais graves. Nossa rede de saúde está saturada. Abrimos em dois meses e meio mais de 130 leitos de UTI mas não é possível fazer isso infinitamente e também não adiantaria pois mais de 50% das pessoas que estão indo para UTI de Covid-19 não estão voltando para a casa. Vivemos uma ameaça de falta de medicamentos e insumos básicos em todo o nosso país.

Os profissionais de saúde estão esgotados. Infelizmente, reabrir tudo agora seria expor toda a população da nossa cidade a uma espécie de roleta russa. Sei o peso da minha responsabilidade como prefeito e jamais admitiria isso. Trabalhamos muito para punir quem desobedeceu quem desobedeceu o decreto anterior e vamos trabalhar o cerco. Em dez dias, nossas equipes fizeram mais de sete mil abordagens. 832 notificações e fechamos 440 estabelecimentos que funcionavam irregularmente.

A partir de segunda, vamos intensificar ainda mais esse trabalho. Só tem um jeito de voltarmos rápido à normalidade: obedecendo o decreto e evitando ao máximo sair de casa pelos próximos dias. Quanto mais rápido a gente derrubar a transmissão do vírus mais rápido retornaremos a nossa rotina. Todos os locais no mundo inteiro que conseguiram sucesso em conter o vírus foram dessa forma. Quando você se resguarda em casa, não está apenas cuidando de si mesmo, está cuidando de todos os que estão a sua volta e garantindo que possamos voltar rapidamente à normalidade. Preste muita atenção: Deus vai abençoar sua vida e de sua família. Se cuidem”.


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