Em seu primeiro pronunciamento como comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Nivaldo Cesar Restivo, 52, disse nesta sexta-feira (17) considerar “legítima e necessária” a intervenção da PM em outubro de 1992 que resultou na morte de 111 presos, episódio conhecido como “Massacre do Carandiru”.
As declarações foram dadas na academia do Barro Branco, zona norte da capital, logo após a cerimônia de troca de comando. O coronel, no entanto, não quis dar mais detalhes e não falou, por exemplo, se afastava a tese de massacre, alegando não querer interferir no processo judicial.
Restivo foi instado a falar sobre esse episódio porque participou da operação e foi um dos policiais denunciados pelo Ministério Público por supostos excessos. O novo comandante disse que, à época, era tenente no Batalhão de Choque e o responsável pelo suprimento do material logístico da tropa que estava atuando.
“Eu não tinha tropa sob meu comando. Não participei de intervenção direta, de qualquer natureza, seja para controlar o tumulto que se instalou, seja depois para o rescaldo, ou o que quer que seja”, disse.
O coronel disse que chegou a ter uma espécie de proposta de acordo para o trancamento do processo judicial, mas preferiu que o assunto fosse debatido judicialmente para que provasse sua inocência. “Porque eu tenho a convicção que minha participação no episódio não revela aquilo que tem na denúncia, sem críticas a qualquer instituição”.
Filho de um sargento da Polícia Militar, Restivo assume o cargo em substituição ao coronel Ricardo Gambaroni, que se aposentará em maio. Embora não admita oficialmente, o governo paulista decidiu antecipar a troca do comando por insatisfação com a forma como Gambaroni conduzia a tropa, muitas vezes não demonstrando interesse na discussão de medidas para reduzir os índices de violência (em especial os roubos).
Uma das demonstrações disso foi o anúncio feito pelo secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, que vai tentar modificar a legislação para que Restivo não precise deixar o comando no ano que vem e ficar até o final deste governo. Em fevereiro de 2018, ele completa cinco anos como coronel e, pelas regras atuais, precisará deixar o cargo.
Gambaroni fez um longo discurso de despedida e apresentou uma série de medidas que disse ter implantado. Teve a fala mais demorada, até mesmo que o novo comandante, secretário da Segurança e governador. (Folhapress)
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