13 de agosto de 2024
Geral

Nova presidente promete uma UNE radicalizada

Pela primeira vez na história da entidade terá uma sucessão entre mulheres; Estudante de economia da PUC-SP estará à frente da UNE pelos próximos dois anos

Terminou neste domingo (7), em Goiânia, o 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes, que elegeu a paulista Carina Vitral, estudante de Economia da PUC-SP, nova presidenta da entidade. A plenária final do encontro contou com a participação de 4.071 delegados, representando mais de 98% das universidades do país, consolidando esse como um dos maiores Congresso já realizado pela UNE. A plenária final do Congresso definiu também os rumos e posicionamento da UNE na atual conjuntura do país.

Natural de Santos (SP), 26 anos de idade, Carina Vitral foi presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) nos últimos dois anos e esteve à frente da juventude na conquista do passe livre estudantil nos transportes do estado.

Defende maior empenho da UNE na regulamentação do ensino superior privado, ampliação da assistência estudantil, mudanças na política econômica do país, taxação das grandes fortunas e a reforma política democrática com o fim do financiamento privado de campanhas.

CONGRESSO CONTRA A REDUÇÃO

O Congresso da UNE foi realizado entre os dias 3 e 7 de junho e reuniu mais de 10 mil estudantes de todo o país em Goiânia. Foram realizados mais de 50 debates na UFG, na PUC-GO e na Praça Universitária, atos públicos, atividades culturais e uma passeata pelas ruas da capital goiana contra os cortes na educação.

Uma das principais discussões do 54º Congresso da UNE gravitou em torno do tema da redução da maioridade penal. Os milhares de estudantes presentes se mostraram veementemente contra a proposta.

Um ato de repudio ocorreu durante a plenária final, quando o bandeirão “Redução é roubada” circulou em todo o Ginásio Goiânia Arena (clique aqui para assistir ao vídeo).

A UNE lançou ainda o relatório da sua Comissão da Verdade, um estudo de dois anos realizados por pesquisadores sobre a violência da ditadura militar contra estudantes, entre eles, o ex-presidente da entidade, Honestino Guimarães, natural de Goiás.

Diferentemente dos três últimos presidentes da entidade, alunos de grandes universidades públicas brasileiras como UFRJ e USP, ela representa a multidão de estudantes das particulares que se tornaram protagonistas no país a partir de programas como o Prouni e o Fies.

“Hoje, por exemplo, estou usando a da campanha pelo fim das disciplinas online”, exemplifica. “Muita gente da própria direção do movimento estudantil não entende a importância dessa reivindicação, mas é uma preocupação direta de uma enorme parcela dos estudantes brasileiros e a UNE precisa estar ligada nisso”, critica.

Carina defende que a entidade tenha cada vez mais atenção às pautas do ensino privado e promete lutar severamente pela regulamentação do setor. “40% das vagas do ensino particular são atualmente subsidiadas pelo estado, mas não há nenhum controle ou garantia sobre a qualidade desse ensino. A universidade particular no Brasil precisa mudar urgentemente”, cobra.

Como nova presidenta da UNE, ela acredita que o Brasil vive um momento delicado do ponto de vista político e econômico: “Temos que defender a democracia, combater a atual política de cortes, principalmente da área da educação, precisamos estabelecer a taxação das grandes fortunas, criar um projeto de desenvolvimento, fortalecer a indústria nacional, reduzir os juros”, defende.

Na pauta da educação, sinaliza para um período de muita agitação também nas universidades federais, que já sofrem com o contingenciamento de verbas neste ano de 2015. Anuncia uma campanha de grandes proporções pela ampliação da assistência estudantil s e pela implantação devida do Plano Nacional de Educação no país.

Ela promete uma UNE radicalizada, já nos primeiros meses de mandato, contra retrocessos como a redução da maioridade penal: “Vamos barrar essa medida no Congresso Nacional com toda a unidade das forças da juventude. Esse foi um dos grandes consensos do nosso encontro em Goiânia”, conta.

Outra postura firme da entidade deverá ser pela reforma política democrática, pelo fim do financiamento privado de campanhas e pela inclusão dos jovens na política: “O nosso Congresso Nacional é essencialmente composto por homens brancos, velhos, heterossexuais e ricos. Isso precisa mudar, o povo brasileiro é diverso”, protesta.

Carina está ciente de sua responsabilidade e mostra tranquilidade frente ao novo desafio. Sabe que estará envolvida em um período de grandes transformações na história brasileira, sabe que precisa contribuir para que a UNE alcance e atenda bem a todos os universitários. Sabe que representa uma entidade enorme, com uma história e um saldo de mobilizações únicos no país. Concentrada e dedicada, parece já estar fazendo o dever de casa e planejando suas estratégias para que a juventude, mais uma vez, conduza o Brasil a um futuro melhor.

Além disso, ela sabe que seu rosto será um pouco mais conhecido nos metrôs de São Paulo e das outras cidades do Brasil, mas não se intimida: “Sei do tamanho da UNE e que essa experiência vai mudar a minha vida. Mas também sei que de certa forma, no fundo sou e continuarei sendo apenas uma estudante”, crava.


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