O relógio já beirava 21h e após mais de seis horas de audiência Glenn Greenwald ouvia basicamente as mesmas perguntas e afirmações de parlamentares aliados ao presidente Jair Bolsonaro. Carla Zambelli (PSL-SP) disse que o debate deveria ser outro: a manutenção do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na prisão. O Coronel Augusto (PL-SP) chamava Moro de “herói nacional” ao formular sua fala. Para o deputado, Moro deveria ser enaltecido por colocar um líder de quadrilha na cadeia. Por fim, Greenwald explicou que já elogiou a Operação Lava-Jato até fora do país, mas fez a ressalva: “O fato de que Sérgio Moro fez coisas boas por esse país, não significa que ele possa quebrar a lei”.
O jornalista também explicou que estão deturpando o conteúdo das reportagens. O fato delas exporem o ministro da Justiça e a Lava-Jato não quer dizer que os jornalistas sejam pró-Lula, como a base do presidente Jair Bolsonaro tem levado a crer. Tampouco questão de ser esquerda ou direita e sim de que todos os processos judiciais sejam conduzidos de maneira justa. “Não é sobre ser a favor de Lula ou Moro. Não é questão de estar na esquerda ou direita, se está feliz ou zangado pelo Lula estar ou não preso. Isso é questão sobre como a democracia vai funcionar de um jeito saudável e precisamos de duas coisas para isso. A primeira é que precisamos de uma imprensa livre para ter certeza que todas as pessoas que são poderosas não possam fazer nada às sombras, só com transparência. Isso é crucial para evitar pessoas abusando seu poder. A segunda coisa é que precisamos de um processo judicial que é totalmente justo, porque colocando pessoas na prisão, condenando pessoas é a coisa mais grave que o Estado pode fazer. Negar a liberdade de alguém. Nossa reportagem não é sobre Lula ser inocente ou culpado. Nossa reportagem não é sobre Moro ser herói ou criminoso”.
Por fim, sentencia: “Nossa reportagem é sobre se esse processo da Lava-Jato que tinha consequências muito profundas para esse país era justo ou não.”
Questionado pelo deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) o porque não não entregava todo o documento que o jornalista tem para as autoridades policiais e deixem que eles conduzam as investigações, Glenn sentenciou: “Jornalista não entregam material para a polícia, muito menos quando a polícia é comandada por Sérgio Moro que é o assunto do nosso jornalismo. Todas as redações, inclusive nós, temos especialistas. Obviamente não vamos publicar nada sem verificar se é autentico”.
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