22 de novembro de 2024
Brasil

Nos anos 1980, Collor não foi levado a sério ao decidir ser candidato

Fernando Collor. (Foto: Divulgação/Facebook)
Fernando Collor. (Foto: Divulgação/Facebook)

De volta à cena presidencial após anunciar que é pré-candidato ao Planalto em 2018, Fernando Collor decidiu ser candidato ao cargo pela primeira vez quando ninguém levava realmente a sério suas chances de ser eleito.

Se neste ano suas intenções foram reveladas no interior de Alagoas e depois em discurso no Senado, onde Collor ocupa cadeira pelo PTC de Alagoas, naquele fim de 1987 -a eleição seria em dois anos- o sonho presidenciável “collorido” foi decidido em uma viagem à China.

Em um restaurante de Pequim, o então jovem governador de Alagoas pelo PMDB (atual MDB) ganhou um brinde erguido por aliados, entre eles o atual senador Renan  Calheiros (MDB-AL), ao “futuro presidente do Brasil”. Foram pouco levados a sério pelos chineses presentes.

A ideia tampouco recebeu muita atenção no meio político brasileiro.

À época, o país vivia mergulhado na Constituinte e nomes mais graduados apareciam cotados para a sucessão do impopular peemedebista José Sarney, como Ulysses Guimarães e Mário Covas.

Tal qual hoje, o establishment penava em encontrar seu nome competitivo, e temia os nomes da esquerda que apareciam à frente de pesquisas, como Leonel Brizola (PDT) e Lula (PT).

Pois Collor investiu na famosa imagem de “caçador de marajás”, criticando os privilégios do funcionalismo público, atacando duramente Sarney e defendendo uma agenda liberal na economia.

Em uma entrevista à revista “Istoé”, em abril de 1989, ao ser perguntado se era de direita ou esquerda, disse: “Sou progressista, tenho uma profunda preocupação social, até porque sou cristão e me orgulho de sê-lo e de praticar a minha religião. Eu me defino como um reformista cristão”.

Na mesma entrevista, disse que iria ao segundo turno contra Lula.

Vendendo a imagem que estava modernizando Alagoas e desenvolto no vídeo, o governador caiu nas graças de parte dos meios de comunicação.

No Carnaval de 1989, circulou na Sapucaí fazendo o “V” da vitória -naquele feriado, ganhou uma declaração de apoio do então vereador carioca Jair Bolsonaro.

Enquanto isso, a principal reportagem de política da Folha de S.Paulo em um dos dias daquele feriado afirmava: “Articuladores da direita ainda estão à procura de candidato para sucessão”.

Após o Carnaval, Collor lançou o manifesto de criação do nanico PRN, sigla pela qual se lançaria candidato, e antecessor de seu atual PTC.

Em um novo livro, Sarney conta que, em meio às articulações da época, Collor chegou a se oferecer para ser vice de Ulysses, o principal nome das manchetes de então. “Cresça e apareça”, teria respondido o velho peemedebista.

Com a imagem do “novo”, o alagoano foi ganhando espaço progressivamente.

Em 26 de abril de 1989, a Folha de S.Paulo publicava rodada da pesquisa Datafolha que afirmava que só uma candidatura de Orestes Quércia pelo PMDB evitava Collor na dianteira.

No cenário com Ulysses, o governador de Alagoas era líder, com 17% das intenções de voto. Brizola tinha 15% e Lula, 14%.

Em dezembro de 1989, o “caçador de marajás” se elegeria presidente da República, após segundo turno contra Lula.

Ulysses não chegou a 5% dos votos. (Folhapress) 

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