A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros ganhou um crítico novo e respeitado mundialmente: Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia de 2008. Na quarta-feira (9) logo após a notícia das medidas da Casa Branca, Krugman publicou um artigo em sua newsletter no Substack, uma plataforma para publicações de especialistas, chamando o tarifaço de “programa de proteção a ditadores”, em alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado de Trump. O economista afirmou até que a atitude do presidente norte-americano dá causa a um pedido de impeachment.
O Nobel de Economia foi taxativo: “No geral, isso é maligno e megalomaníaco”, escreveu. “Se ainda tivéssemos uma democracia funcional, essa jogada contra o Brasil já seria, por si só, motivo de impeachment. Claro, teria que esperar na fila, atrás de todas as outras razões,” destacou nesta quinta-feira (10) o InfoMoney, que teve acesso à íntegra do artigo.
Como muitos especialistas também estão afirmando desde quarta, Krugman argumenta que a medida radical de Trump não tem justificativa econômica plausível. Também para ele, se trata de uma retaliação política contra o Brasil por julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado declarado do norte-americano. Ele pontuou a respeito: “Trump mal finge ter uma justificativa econômica. É tudo sobre punir o Brasil por colocar Jair Bolsonaro em julgamento”.
Trump fez distorção grave da política tarifária, afirma Nobel
Para Krugman, a política de tarifas, tradicionalmente usada para promover a paz e fortalecer democracias após a Segunda Guerra Mundial, está sendo distorcida para atacar instituições democráticas.

“Trump agora tenta usar tarifas para ajudar outro aspirante a ditador. Se alguém ainda acreditava que os EUA estavam do lado certo da história, isso deve fazer repensar” – escreveu o Nobel de Economia
Krugman ainda questiona a lógica da pressão comercial sobre um país do tamanho do Brasil, lembrando que as exportações brasileiras aos EUA representam menos de 2% do PIB nacional.
É ironia querer intimidar 200 milhões de brasileiros, afirma Paul Krugman
“Trump realmente acha que pode usar tarifas para intimidar uma nação com mais de 200 milhões de habitantes, que nem sequer depende tanto do mercado americano, a abandonar a democracia?”, ironizou o economista, ainda segundo o InfoMoney.
Queda da democracia americana
Ele encerra o artigo alertando que a atitude de Trump é mais um passo perigoso no que ele chama de “espiral descendente” da democracia americana. “Não desprezem isso. Estamos testemunhando mais um passo terrível na decadência do nosso país.”
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