23 de novembro de 2024
Brasil

Ninguém quer saber de jovem com senso crítico, diz Bolsonaro em Vitória

Jair Bolsonaro é pré-candidato à Presidência da República. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Jair Bolsonaro é pré-candidato à Presidência da República. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Com a ambição de instalar colégios militares em todas as capitais se eleito, Jair Bolsonaro (PSL) acha que “ninguém quer saber de jovem com senso crítico” e que, na nova rede de escolas, “ninguém vai assistir a filme de sacanagem em nome da diversidade”.

A fala do capitão reformado, para uma plateia de militantes num ginásio com pouco público em Vitória (ES), ocorre justamente num contexto, revelado pela Folha de S.Paulo, de que em 2018 a proporção de jovens de 16 e 17 anos que tiraram título de eleitor teve a primeira alta desde 2006.

Nos planos do presidenciável, até o ensino do uso e da importância de métodos contraceptivos nas aulas de biologia seriam extintos, porque “quem decide o sexo é papai e mamãe”. 

As declarações acontecem na noite seguinte à entrevista do capitão reformado ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em que responsabilizou os próprios negros pelo tráfico negreiro que perdurou do século 16 ao 19. No programa, Bolsonaro disse que “os portugueses nem pisavam na África” e “foram os próprios negros que entregavam os escravos”.

Questionado pela reportagem, o capitão reformado disse que “isso é história”, reafirmou a fala, e contou que não passam de “briga de tribos”: “[Os escravos] faziam prisioneiros e vendiam”.

Na mesma entrevista ao Roda Viva, Bolsonaro afirmou ser vítima de fake news, e voltou a negar tratar mulheres com desprezo, ser racista. 

Também retomou, em Vitória, o tema do kit anti-homofobia debatido no Ministério da Educação em 2011.

“Os livros [usados nas salas de aula] continuam com matérias deste tipo [sobre ideologia de gênero]”.

O capitão reformado, na capital capixaba, voltou a reafirmar que participou da luta armada no Vale da Ribeira (SP), em que Carlos Lamarca, capitão que deixou o Exército para aderir à uma guerrilha, foi morto em 1971, na Bahia, mesmo tendo Bolsonaro apenas 16 anos de idade.

“Eu estava lá quando houve tiroteio em praça pública no final da tarde. Eu trabalhava tirando palmito no mato, conversava muito com o pessoal do Exército. Tive essa participação naquela época, na história do Brasil”.


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