O relator do projeto aprovado na quarta-feira (22) que regulamenta a terceirização no país, deputado federal Laércio Oliveira (SD-SE), afirmou que a maioria dos trabalhadores no país do setor de asseio e conservação é do sexo feminino porque “ninguém faz limpeza melhor do que a mulher”.
Em debate promovido nesta quinta-feira (23) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o parlamentar lembrou que grande parte dos funcionários terceirizados trabalha na área de limpeza.
“Somente no setor básico, asseio e conservação, é unanimidade, se terceiriza em todo lugar. Somente nessa atividade tem mais de dois milhões de trabalhadores, 60% dessa mão de obra é feminina, porque faz limpeza. E ninguém faz limpeza melhor do que a mulher. À exceção de mim, que sou muito bom”, disse.
Dos trabalhadores domésticos com carteira assinada, 92% são mulheres, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) em 2016. O salário médio no setor era R$ 739 em 2015, de acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O debate foi promovido pela entidade empresarial para tirar dúvidas de internautas sobre a proposta de 1998, que libera a terceirização para ser usada em qualquer ramo de atividade das empresas privadas e de parte do setor público.
Em outra resposta, a respeito da atividade de “home office”, o parlamentar também se referiu às mulheres. Em tom de brincadeira, ele lembrou de um comentário que ouviu durante a semana, segundo o qual é necessário “entender a mulher” do trabalhador que exerce a atividade profissional em sua própria casa.
“Eu vi um comentário nesta semana que a gente tem de estar preocupado com o trabalhador que vai trabalhar dentro dessa modalidade de contratação, porque precisa entender a mulher dele. Como é a mulher dele? Ela vai ser uma pessoa agradável e trazer um cafezinho de vez em quando ou vai ficar reclamando com ele: ‘Acaba esse negócio aí, venha pegar o menino e trocar a roupa dele?”, disse.
Na sequência, ainda sobre o comentário que reproduziu, ele questionou se o trabalhador terá um “ambiente propício para exercer sua atividade” ou “ficará estressado cada vez mais a ponto de querer sair de casa”.
Com a aprovação da proposta de terceirização, o texto vai à sanção do presidente Michel Temer, que é defensor da iniciativa.
A aprovação foi polêmica não só pelas críticas da oposição, para quem a medida representa um claro salvo-conduto para a precarização da mão de obra no país, mas também porque não houve o aval da maior parte dos atuais senadores.
Nesta quinta-feira (23), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou que os senadores irão votar nos próximos dias um projeto mais recente sobre o tema.
Ele se refere a texto apresentado em 2015, já aprovado pela Câmara, e que traz mais salvaguardas aos trabalhadores do que o projeto que os deputados enviaram para a sanção presidencial. (Folhapress)
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