20 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:38

Negociando delação, suposto operador de Cabral ganha prisão domiciliar

Apontado pelo Ministério Público Federal como “testa de ferro” do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o administrador de empresas Paulo Fernando Magalhães Pinto sairá do Complexo Penitenciário de Bangu para cumprir prisão domiciliar. Ele negocia delação premiada com procuradores da Operação Calicute.

A decisão do juiz Marcelo Bretas afirma que a divulgação das tratativas para colaboração colocaram em risco a integridade do ex-assessor de Cabral. A negociação para a delação premiada foi revelada pelo jornal “O Globo” neste domingo (8).

A defesa de Pinto havia pedido a liberação do acusado, alegando não existir mais razão para manutenção dele na prisão. Em resposta, a procuradoria havia solicitado a transferência do ex-assessor para uma unidade federal em outro Estado.

Embora não confirmem nos autos a negociação de delação premiada, defesa e MPF afirmam que a divulgação das tratativas deixaram sob ameaça o acusado.

Pinto está preso no Complexo Penitenciário de Bangu, na mesma unidade de Cabral.

“É inegável que o requerente encontra-se em situação de risco à sua integridade física, em razão da notícia veiculada na imprensa nacional, fato este reconhecido inclusive pelo Ministério Público Federal”, afirma Bretas em sua decisão.

O magistrado negou a transferência para outro Estado porque medida idêntica imposta a Cabral foi revertida pelo Tribunal Regional Federal. Ele impôs condições para o cumprimento de prisão domiciliar, como se afastar da direção e administração de suas empresas sob investigação e comparecer a cada 15 dias na Justiça Federal.

O administrador é apontado como “testa de ferro” por manter em nome de sua empresa a lancha Manhattan Rio , que de acordo com a procuradoria pertence a Cabral.

Documento apreendido pela Polícia Federal indica que ela foi adquirida por R$ 5,3 milhões em 2014 pelo ex-governador, embora a propriedade nunca tenha sido de fato transferida.

Pinto e Cabral alegaram que o ex-governador apenas pegava emprestado a lancha. Mas chamou a atenção da procuradoria o fato da empresa do ex-assessor custear inclusive o combustível usado pelo peemedebista. A informação foi dada pelo marinheiro do barco.

Pinto também pagou por dois anos o aluguel e uma funcionária da consultoria de Cabral, no Leblon, zona sul do Rio. O gasto total chegou a R$ 1,1 milhão.

Para o MPF, o ex-governador do Rio aproveitou a amizade com o administrador, de origem rica, para ocultar seus bens. Pinto é herdeiro dos donos dos bancos Nacional e Mercantil.

Cabral está preso desde novembro sob acusação de cobra 6% de propina sobre obras no Estado.

Folhapress

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