Mais dois ônibus foram queimados na madrugada desta sexta-feira (20) em Natal, no Rio Grande do Norte. Eles foram incendiados na garagem de uma empresa de ônibus na zona norte da cidade.
Por causa dos ataques, policiais estão realizando patrulhamento próximos a terminais e garagens de empresas de ônibus, segundo a Secretaria da Segurança Pública. Pela manhã, o Seturn (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Natal) afirmou que os ônibus não estão circulando na capital potiguar. O sindicato afirmou à reportagem que não há possibilidade do retorno das atividades até o fim do dia.
Nas ruas de Natal o clima no trânsito até parece de feriado. Praticamente não há congestionamentos. Nas paradas de ônibus, quem se arrisca a esperar por algum transporte, acaba desistindo. Desde a última quarta (18), táxis e ônibus escolares estão autorizados a fazer lotação.
A balconista Andréa Santiago, 29, já estava quase 30 minutos atrasada para o trabalho, mas ainda aguardava na parada de ônibus. “Na verdade estou esperando que apareça qualquer tipo de transporte, se vier táxi vou pegar também. Realmente não há outra alternativa. Infelizmente nossa cidade está refém”, disse.
Nesta quinta (19), o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), havia garantido em uma rede social que o transporte coletivo funcionaria normalmente em Natal nesta sexta, o que acabou não acontecendo.
A expectativa é que os primeiros homens do Exército comecem a ocupar as ruas da cidade nesta sexta, conforme autorização do presidente Michel Temer (PMDB). Apenas após a chegada das tropas federais e a definição de uma estratégia de segurança é que o Seturn colocará os ônibus novamente nas ruas. A estratégia é que, com as Forças Armadas nas ruas, a Polícia Militar ficaria livre para atuar apenas nos presídios.
No tradicional comércio de rua da cidade, no bairro do Alecrim, apesar de ainda não haver definições, lojistas confirmara à reportagem que cogitam fechar pelo menos uma hora mais cedo caso os ônibus não retornem.
PENITENCIÁRIA DE ALCAÇUZ
A crise no sistema prisional potiguar, que teve como foco principal a rebelião no presídio de Alcaçuz, o maior do Estado, já contabiliza oficialmente 27 detentos mortos. Nesta quinta (19), por ordem do governador Robinson Faria (PSD), a tropa de choque da Polícia Militar do Rio Grande do Norte entrou na penitenciária e passou a noite no local pela primeira vez desde o início do confronto entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e Sindicato do Crime do RN, grupo que controla a maior parte dos presídios do Estado.
No presídio de Alcaçuz, onde ao menos 26 presos foram mortos em um massacre entre sábado (14) e domingo (15), tem situação mais tranquila na manhã desta sexta (20) após sete dias de motim. Nesta quinta, presos ligados à facção criminosa PCC tentaram invadir novamente a área dominada pelo Sindicato.Houve mortos, mas o governo do Estado não confirma o número exato. Diz que ainda necessita da atuação de peritos para contabilizar os corpos.
Nesta manhã, presos continuam sobre os telhados do presídio, mas não tentam mais invadir áreas dominadas por facção rival.Policiais do Choque e do Bope (operações especiais) estão dentro do presídio para evitar novos confrontos entre os presos dos dois grupos criminosos. Segundo a Secretaria da Segurança, o Exército deve ocupar as ruas de Natal ainda nesta sexta-feira, após autorização do presidente Michel Temer (PMDB).
Leia mais sobre: Brasil