04 de setembro de 2024
Brasil

Não pode ter abuso na mensalidade do Fies, diz Mercadante

Brasília – Em guerra com o setor privado depois que o governo alterou as regras de acesso ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies), o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse nesta terça-feira que não se pode ter “abuso na mensalidade” cobrada dos estudantes e que é responsabilidade do Estado defender os alunos dessas instituições.

Na edição de segunda-feira (23) do Diário Oficial da União, foi publicada portaria que cria um grupo de trabalho com o objetivo de analisar a composição e a evolução dos preços das mensalidades dos cursos superiores financiados pelo Fies, bem como de propor iniciativas de aperfeiçoamento do programa. O grupo será formado por representantes da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça (Senacom) e do Ministério da Educação (MEC). Em fevereiro, o MEC recuou e autorizou um reajuste de até 6,4% nas matrículas do Fies, a ser aplicado somente no aditamento do primeiro semestre.

Algumas instituições fazem pressão para que se mantenha o padrão anterior de financiamento. Qual o problema do padrão anterior? É que elas tinham total liberdade para aumentar o preço das matrículas, das mensalidades. Nós verificamos que estava havendo um abuso por parte de algumas mantenedoras e que o estudante não sente, porque ele vai pagar isso ao longo de 10, 12 anos. Ele não sente que o aumento da matrícula vai pesar no bolso dele lá na frente e sobrecarrega o Tesouro, que está fazendo um esforço para que esses estudantes possam cursar“, comentou Mercadante, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

O Fies vai continuar sendo um grande instrumento, agora nós vamos analisar contrato por contrato, verificar se houve abuso nas matrículas, e vamos querer rediscutir essa questão das mantenedoras. É responsabilidade do Estado defender o consumidor, defender o estudante e buscar um bom entendimento em relação a essa questão. Por isso que hoje você renova o contrato com limite de aumento no financiamento, que é a inflação acumulada do ano. O que está acima disso vai ter de ser rediscutido.

Mudanças

No apagar das luzes do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o MEC anunciou mudanças que dificultam o acesso ao Fies e alteram a periodicidade do pagamento das mantenedoras. A partir de abril de 2015, será exigida uma pontuação mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para obter acesso ao financiamento.

O Fies vai ter o mesmo padrão dos outros programas do MEC: 450 pontos de linha de corte, nota mínima no Enem, e haverá prioridade para os cursos de maior qualidade. O financiamento permanece, continuará, mas não pode ter abuso da mensalidade. O aluno não sente hoje, mas vai pagar no futuro e as instituições estavam embutindo no financiamento reajustes abusivos. Isso não pode continuar“, observou Mercadante.

Identificamos abuso no repasse de mensalidades de várias mantenedoras do País. Reajustes muito elevados que o Tesouro tem de suportar porque o crédito é subsidiado e o estudante vai pagar ao final. Por isso foi feita comissão de auditoria, vai haver uma revisão e uma rediscussão nos casos em que houve aumento de tarifas de mensalidades muito acima do que é a inflação no período“, ressaltou o ministro.

Sucessor

Em meio a especulações sobre quem deve ser o novo ministro da Educação, Mercadante disse que a presidente anunciará o sucessor do ex-governador Cid Gomes no “momento oportuno“. Conforme informou nesta terça-feira o jornal O Estado de S. Paulo, a cadeira de ministro da Educação é o mais novo cabo de guerra entre o PT e o PMDB.

(Estadão Conteúdo)


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