19 de novembro de 2024
Cidades • atualizado em 12/02/2020 às 23:54

“Não eram estudantes, eram criminosos que estavam naquele local”, diz coronel sobre invasão da Seduce

O coronel Ricardo Mendes, responsável pela comunicação da Polícia Militar do Estado de Goiás, afirmou que a sede da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) de Goiás foi depredada por criminosos. Em entrevista ao jornalista Altair Tavares, pela Rádio Vinha FM, o coronel declarou que muitas das pessoas presentes no protesto não eram goianas e só estavam no local para badernar. 

A sede da Seduce foi invadida no início da noite de ontem (15), pelo grupo Secundaristas em Luta. Em uma publicação no Facebook, o grupo informou que os mesmos estudantes que participaram das ocupações nas escolas, estavam ocupando a secretaria. O ato seria uma resposta  “à manobra suja de hoje ao alterar o local da Sessão Pública onde seria realizada a abertura dos envelopes das OSs. O grupo protesta contra à implementação das Organizações Sociais na educação pública de Goiás.

As 22 horas o grupo foi retirado da sede da Seduce e encaminados para a Draco para prestar esclarecimentos sobre o crime de depredação de patrimônio público. 

Leia a entrevista na íntegra:

Ricardo Mendes: Obrigado pela oportunidade que você nos concede, para explicar justamente isso, e eu gostaria de já esclarecer que não eram alunos, não eram professores, pelo contrário, eram baderneiros, eram criminosos que estavam naquele local, e que houve sim a necessidade de intervenção da Polícia Militar de Goiás, no cometimento em flagrante de um crime de vandalismo, de depredação do patrimônio público. Só para que nós possamos contextualizar a população que está nos ouvindo agora, e iniciar a nossa entrevista.

Altair Tavares: Por que a PM decidiu, diferentemente de uma negociação, executar a prisão deles?

Ricardo Mendes: Bom, na verdade, a prisão foi o último ato. Se iniciou com a negociação, no momento em que esses vândalos, que é um grupo dissidente dos secundaristas. Após uma saída pacífica da Seduce, desse grupo, eles (grupo dissidente) decidiram retornar por si só. Foram 18 adultos, maiores de 18 anos e 13 adolescentes, entre 14 e 17 anos, que foram aliciados, induzidos por esses adultos a ocuparem o prédio administrativo da Seduce. A Polícia Militar foi acionada diante desse crime, cercamos o local, isolamos o local e começamos uma negociação. Dessa negociação, foi conseguido que eles desocupassem o prédio de maneira ordeira, e no pátio, eles foram identificados, conduzidos à delegacia e presos, e apreendidos nos casos dos menores.

Altair Tavares: O senhor disse de depredação. Qual foi o grau de depredação, a extensão do dano causado ao patrimônio público?

Ricardo Mendes: Olha, é difícil os ouvintes terem uma noção disso, mas é importante que nós, eu e você, traduzir isso para os ouvintes. Todas as portas foram quebradas, as vidraças também foram quebradas, usaram todos os extintores de incêndio, arrombaram os armários, então causou um prejuízo considerável ao patrimônio público, que é pago por mim, por você, e por quem está nos ouvindo.

Altair Tavares: É fato que eles passaram por todas as salas da sede da Secretaria ou só por uma parte delas?

Ricardo Mendes: Por uma parte delas. Eles não tiveram acesso a toda a Secretaria. Até porque é um número “pequeno” desses radicais, desses vândalos que invadiram ontem a Seduce.

Altair Tavares: Eles foram encaminhados para um Delegacia?

Ricardo Mendes: Eles foram encaminhados para a Draco, que é a delegacia da Polícia Civil responsável por apurar esses crimes, que apura as responsabilidades penais dos manifestantes, dos invasores ou dos vândalos, que começaram dentro do contexto secundarista, e que cometeram delitos como dano ao patrimônio público e outros crimes.

Altair Tavares: Quem comete um dano ao patrimônio público está sujeito a que?

Ricardo Mendes: Bom, na verdade, a tipificação penal vai ficar a cargo do delegado, mas, com certeza, responsabilidades penais, eles terão. É importante que a população entenda isso, na verdade, em um país democrático de direito, a Polícia Militar é um dos pilares para garantir esse direito democrático, porém, isso não pode ser confundido com bagunça, com baderna, com vandalismo, como o que aconteceu ontem.

Altair Tavares: Os 31 presos foram liberados?

Ricardo Mendes: Bom, essa informação eu não tenho ainda, porque ficou a carga da Polícia Civil fazer toda essa parte de estruturação.

Altair Tavares: O fato é que foi uma atitude bastante ousada dos manifestantes…

Ricardo Mendes: Eu chamaria de irresponsável.

Altair Tavares: Entendo. A Polícia pretende manter maior segurança na sede da Secretaria da Educação?

Ricardo Mendes: Em relação a sede da Secretaria de Educação, é importante frisar que lá existe uma empresa de segurança privada para cuidar do patrimônio. A PM é acionada quando tem um acontecimento de crime, como o de ontem. Mas, é claro, que nossa atenção, dentro desse contexto, está voltara para essa realidade, e em qualquer momento, a Polícia Militar já tem um planejamento para ser executado, um planejamento legítimo, um planejamento que cumpre regras, que estão dentro de um decreto governamental, que existe um procedimento operacional padrão de negociação, de isolamento do local, de definição de perímetros, então tudo isso já está preconizado no nosso planejamento da PMGO.

Altair Tavares: A Polícia ontem usou a força, mas pelo que eu observei, não foram usadas armas nessa retirada.

Ricardo Mendes: Essa ação ontem começou com o isolamento, logo após a negociação, e houve a contenção dos ânimos por parte dos manifestantes, mas não houve necessidade nenhuma do emprego de força policial.

Altair Tavares: A polícia teme que outras ocupações continuem dessa forma mais ousada?

Ricardo Mendes: Em relação a futuras ocupações, seria interessante ouvir a Secretaria de Educação ou a Polícia Civil, que acompanha a investigação. A Polícia Militar será acionada, e nós iremos agir, como eu disse aqui, dentro do contexto do nosso procedimento operacional, do nosso planejamento em relação a conflitos.

Altair Tavares: Não foi o primeiro conflito que o senhor negociou entre eles. O senhor já está conhecendo essas pessoas?

Ricardo Mendes: O que eu posso garantir para você é que esses criminosos, esses vândalos, a maioria deles não é do estado de Goiás, são de São Paulo, do Rio de Janeiro, são de Brasília, não são goianos, vieram aqui realmente para causar baderna e cometer delitos. O que eu posso garantir também é que eles não são secundaristas, nós tínhamos ali adolescentes de 14 anos. Então, posso te garantir, que esse movimento está enfraquecido, porque a própria população está opinando contrário a essa manifestação, porque ela não acha legítima, porque não tem uma pauta de reivindicação, eles não apresentam alternativas, eles simplesmente são contra e pronto. Eles querem quebrar, badernar e cometer vandalismos. Então hoje a realidade que nós temos, é que em Anápolis, em Goiânia, os próprios pais dos alunos que querem estudar estão indo para as escolas vigiar as desocupações desses criminosos. 

Veja imagens:

 

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