10 de agosto de 2024
Cidades

“Não é fácil ser mutilado de uma forma surreal”, afirma advogado vítima de atentado

Walmir fez pronunciamento ao lado do presidente da OAB, Lúcio Flávio e outros agentes da advocacia (Foto: Samuel Straioto)
Walmir fez pronunciamento ao lado do presidente da OAB, Lúcio Flávio e outros agentes da advocacia (Foto: Samuel Straioto)

O advogado Walmir Oliveira da Cunha, de 37 anos, vítima de um atentado no escritório dele no Setor Marista em Goiânia, fez um pronunciamento público. Ele afirmou que o crime pode ter sido provocado por alguém que tenha se sentido insatisfeito com resultado de processo. O profissional do Direito destacou em entrevista nesta quarta-feira (10), que “não é fácil ser mutilado de uma forma surreal”.

Walmir perdeu três dedos da mão esquerda ao abrir uma encomenda no dia 15 de julho no Setor Marista em Goiânia. Ao Diário de Goiás, Walmir explicou que não tinha inimigos. “Nunca tive inimigo na minha vida. Minha natureza não é voltado para nenhum tipo de confrontação. Obviamente que durante as sustentações orais temos duros embates, mas inimigos não tenho”, destacou.

O advogado explicou que no dia em que ocorreu o fato, havia acabado de chegar de São Paulo e passou no escritório dele no fim da tarde. Após despachar com a secretária, ela o informou que havia chegado um presente. Ele imaginou que seria de clientes de Portugal que sempre o presenteia com vinho.

“Naquela semana passei em São Paulo, como fiquei muitos dias fora, cheguei ao escritório no final da tarde. Cheguei a minha sala, conversei com a minha secretária e ela minha anunciou que havia um presente, felizmente recebo presentes. Havia recebido um grupo português, achei que seria um caixa de vinho, porque eles sempre me presenteiam com vinho”, explicou.

Ao perceber que se tratava de um embrulho com explosivo, ele avisou a secretária para sair do ambiente, mas segundo ele, inicialmente ela ficou sem reação. Ele disse que por conta da reação dela, correu em direção ao pacote com o intuito de afastar o explosivo da moça.

“Era uma embalagem bonita. Eu estava em pé e ela estava com o envelope no queixo dela. Deus me iluminou e não abri de uma vez, percebi que havia algo estranho na caixa, vi que se tratava de uma bomba, voltei para o escritório, ela ficou sem reação, gritava com ela para que saísse dali, tentei voltar para tirar a bomba de perto dela e tentei arremessar para o lado oposto que estávamos. Não fiquei inconsciente em forma alguma. Tenho gratidão a Deus por ter me orientado aquele momento”, ressaltou.

O profissional do Direito informou que passou por três cirurgias no Hospital de Urgências de Goiânia e depois passou por Hugo na mão, e em hospitais particulares tratar de queimaduras no abdômen. Foram amputados três dedos da mão esquerda e ele ainda perdeu parte da palma da mão.

Walmir relatou que pretende trabalhar dentro da normalidade, mas repensando a importância de pequenos atos. Ele disse que não ficou reclamando do que aconteceu, mas preferiu agradecer a Deus pelo livramento que teve. “Agora é aceitar esta condição, porque nada me fará voltar a minha mão. Vou aceitar, agradeço pelo livramento que Deus me deu”, argumentou.

O advogado explicou ao Diário de Goiás que até a conclusão do inquérito que corre em segredo de Justiça, está tomando cuidados.

O advogado fez agradecimentos a OAB e também a outros segmentos da área jurídica, a imprensa goiana e a sociedade como todo. Ele disse que fez uma opção na vida de ser advogado.

“O cidadão vai a advocacia para resolver os problemas da vida. Se custo para ser advogado é ter sido lesionado, mutilado, eu aceito o custo pelas minhas convicções. Tenho certeza que a sociedade não vai permitir agressões desta natureza”, destacou Walmir Cunha.

Walmir ainda disse que não tem acompanhado as investigações. Ele pediu para não saber o passo a passo e que prefere saber apenas a conclusão do caso. “Pedimos para que o delegado não nos informe o que esteja acontecendo. Não estou a par das investigações. Quero saber somente quando tiver a apresentação da autoria. Acredito que tenha sido alguém inconformado com algum resultado processual”, explicou.

Atentado ao Judiciário

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Goiás, Lúcio Flávio Paiva classificou como um atentado ao Judiciário goiano. Ele destacou o caso do advogado, somado com o incêndio criminoso no Fórum da cidade de Goiatuba, no sul do estado.

Histórico do caso

O advogado Walmir Oliveira da Cunha, de 37 anos, perdeu parte da mão esquerda ao abrir uma encomenda em seu escritório no final da tarde do dia 15 de julho no Setor Marista em Goiânia. Na ocasião, um mototaxista chegou ao local que fica na rua 15, abaixo da T-55, por volta das 17h30.

O homem bateu a campainha e falou que tinha uma encomenda para o “Doutor” Walmir. A secretária do escritório recebeu e avisou o advogado, que foi até a recepção e pegou a caixa, que segundo relatou ela para os PMs, fazia o barulho semelhante ao de um ponteiro de relógio em funcionamento. Assim que o advogado abriu a caixa ela explodiu, destruindo parte da recepção e ferindo a mão esquerda e o abdômen de Walmir.

Socorrido por militares do Corpo de Bombeiros, Walmir, que atua na área empresarial, foi encaminhado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ficou internado e depois realizou tratamento em unidades particulares, passando por outros procedimentos cirúrgicos. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.


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