O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, defendeu nesta segunda-feira (10) que sejam esclarecidos os fatos relacionados ao relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que aponta movimentação financeira atípica de um ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Questionado por repórteres sobre o tema, Moro afirmou que é inapropriado, em sua posição, fazer comentários sobre casos concretos. “Eu, na verdade, fui nomeado para ser ministro da Justiça. Não cabe a mim dar explicação sobre isso”, disse.
Na sexta-feira (7), o ex-magistrado se esquivou de comentar o assunto, ao fim de uma entrevista coletiva em Brasília. Ao ser questionado, apenas acenou um adeus e continuou a andar para ir embora.
O presidente eleito afirmou neste domingo (9) que Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, deve explicações sobre as movimentações. O Coaf citou repasses entre Fabrício e outros assessores do senador eleito.
Questionado se vê isso com naturalidade, Bolsonaro disse: “Ele tem que explicar, pode ser, pode não ser”.
Ainda assim, o futuro presidente sugeriu que foram baixos os valores transferidos entre os assessores , ressaltando que as movimentações mais altas aconteceram com a mulher e as duas filhas. “Um ao longo de um ano transferiu R$ 800. O outro transferiu R$ 1.500, poxa.”
As informações fazem parte do relatório do Coaf da Operação Furna da Onça, que prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. O MPF (Ministério Público Federal) solicitou ao órgão de controle financeiro os casos de movimentação atípica envolvendo funcionários da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Os dados sobre o policial militar chamaram a atenção por, entre outros motivos, registrar “movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como característica a utilização de outros instrumentos de transferência de recursos”.
A movimentação de R$ 1,2 milhão por meio de pequenos valores é o método mais popular de lavagem de dinheiro, mas não é automaticamente um crime. A prática só se torna crime de lavagem se os recursos tiveram origem ilícita. (BERNARDO CARAM, Folhapress)
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