Líder do governo na assembléia, o deputado estadual, Fabio Souza (PSDB) deve ser candidato a deputado federal em 2014. Ele que tem um sonho de ser prefeito de Goiânia, destaca que a situação de disputar um mandato na câmara federal. O deputado em entrevista ao Tribuna do Planalto, critica as CPIs que vão ser instaladas na assembleia.
‘Estou seduzido a ser candidato a federal’
Fábio Sousa fala de sua trajetória política e analisa o presente e o futuro político de Goiás, fazendo planos
Sáb, 26 de Outubro de 2013 22:36 Marcelo Tavares – Repórter de Politica
Em seu segundo mandato como deputado estadual, sendo vereador antes, Fábio Sousa (PSDB) destaca alguns de seus planos futuros na vida política. Dentre eles, o líder do governo na Assembleia Legislativa de Goiás diz estar seduzido com a possibilidade de ser candidato a deputado federal em 2014. Ainda sobre as eleições do ano que vem, ele ressalta a importância da candidatura de Marconi Perillo (PSDB) para a base aliada, alegando que ninguém conseguirá agradar todas as lideranças como o atual governador. Fábio ainda tece críticas quanto às CPIs que devem ser instaladas na Alego e ao novo Pacto Federativo do Brasil. O deputado ainda comenta a reaproximação de Ronaldo Caiado (DEM) com a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB), desejando boas vindas ao presidente democrata. Caso o maior plano do partido, que é a reeleição do atual governador, se concretize, Fábio disse que cada um deve procurar seu espaço. O dele é fazer de tudo para viabilizar sua candidatura à prefeitura de Goiânia em 2016.
Tribuna do Planalto – Deputado, quais são seus planos para 2014?
Fábio Sousa – Estou no meu segundo mandato como deputado estadual, também já fui vereador, e, nesse tempo em que estive na Assembleia Legislativa, tive a oportunidade de ocupar todos os cargos possíveis como deputado, pelo menos as mais importantes. Fui presidente da Comissão de Justiça quase três anos e, consequentemente, presidente da Comissão Mista. Também fui presidente de CPI e fui relator do novo texto da Constituição do Estado. Tive papel fundamental na tramitação de vários processos, talvez os mais importantes. Fui vice-presidente da Assembleia e a presidi por 40 dias. Hoje sou líder do governo. Estou muito seduzido por um desafio maior: ser candidato a deputado federal. Há diversos candidatos a esse cargo com muitos recursos financeiros, o que acaba se tornando um peso. Infelizmente não tenho a mesma condição que eles, mas, como sou uma pessoa bem quista, que trabalha muito e gosta de correr atrás de seus objetivos, esse desafio me chama a atenção. Veremos até onde podemos ir e, em novembro, tomarei essa decisão.
Outro desafio para essa possível vaga de deputado federal é a alta concorrência dentro da base do governo. Há grandes nomes que vão concorrer. Isso desestimula um pouco?
Se levar em consideração o chapão, o que provavelmente deverá acontecer, você precisa ter concorrentes que têm uma certa condição de voto para que você possa se viabilizar. Se fosse candidato sozinho, precisaria de 200 ou 300 mil votos para ser eleito. Mas, tendo bons candidatos, esse chapão deve fazer até 12 deputados federais e eu pretendo ser um deles. Temos vários novatos surgindo, que podem ganhar muitos votos, como o Vecci, Baldy, José Mário Schreiner. E há também deputados já conhecidos que deixarão de ser candidatos, como Vilmar Rocha, Ronaldo Caiado e também Leonardo Vilela, que é uma perda para a política goiana, pois anunciou que deixará de ser político, e o Lereia deve disputar uma vaga a deputado estadual e não federal. Estou conversando muito e conversarei ainda mais com quem me apoia e quem gosta de mim. Até porque amigo de verdade é aquele que é sincero, e espero sinceridade deles.
Sua base é mais focada no público evangélico de Goiânia ou está distribuída em todo o Estado?
Nas duas últimas eleições que disputei, tive votos em mais de 200 municípios em todo o Estado. Tenho votos bem pulverizados. Mas há aqueles que só aumentam. Por exemplo, em Goiânia sou o deputado da base do governo que foi mais votado. Fui o vereador mais votado em 2004. Meus votos só aumentaram na cidade e em todo o Estado. Não sou hipócrita. Tenho uma base evangélica e sou um militante religioso. Mas, graças a Deus e graças ao meu trabalho, saio do âmbito religioso e alcanço votos fora também.
Como o senhor faz a avaliação da proposta de reforma administrativa que o governador fará?
Necessária. Quem deve construir a forma de gerir o Estado é quem foi eleito para isso. A Assembleia deve fazer suas ponderações, mas deve respeitar a posição maior do governador e suas decisões. Se você extingue algumas secretarias, as extraordinárias, que só tem a função de assessoramento e extingue os cargos comissionados que afetam a folha de pagamento, é o caminho correto a seguir.
No formato atual que ela está, justamente com a extinção de cargos e demissão de comissionados, o senhor acredita que essa reforma seja prejudicial à base aliada no quesito eleitoral?
Quem será exonerado ficará chateado, de certa forma. Mas não tem jeito. Se você precisa fazer essa economia, o governo vai fazer o que deve ser feito. A Base Aliada está ciente de que isso pode acontecer, mas a confiabilidade no governador é grande.
Essa medida tem uma ressonância na sociedade. O senhor acha que isso poderia ter sido feito anteriormente?
Reformas sempre acontecem em qualquer gestão executiva. Quando o Estado vê que precisa de melhorias, é porque há uma necessidade de isso acontecer. Aproveitar-se de que alguns funcionários querem ser candidatos e devem deixar seus cargos para tal é uma forma de você conseguir fazê-lo sem muitos percalços. O Estado está
acertando em emagrecer e o Governo Federal deveria seguir essa linha, com seus mais de 40 ministérios, o que é um absurdo.
O senhor acredita que há uma situação desconfortável em virtude de alguns secretários serem candidatos e ainda estarem no governo ? É uma concorrência desleal para 2014?
Desleal não é, porque o governador sabe segurar bem e puxar o freio de mão quando uma pessoa fica ansiosa. É necessário que os candidatos saiam do governo para viabilizar suas candidaturas. A reclamação que tinha é que alguns, pouquíssimos, que pretendem ser candidatos, fazem um evento de caráter administrativo, com cunho político, e alguns deputados, embora queiram ir, têm que estar na Assembleia e não podem comparecer. Isso tem gerado desconforto.
Essas visitas do Marconi favorecem isso?
O governador sempre fez visitas.
Mas ele as intensificou.
Nas suas primeiras gestões, ele fez diversas visitas e até deixava o secretariado suado. Isso não é diferente agora. Marconi talvez seja o governador que mais visitou municípios em Goiás. Ele já esteve em todos. A saída dos secretários que são pré-candidatos resolve todos os problemas.
Poderia haver algum ciúme por parte dos deputados, justamente pelo fato de que, em algumas visitas, os secretários estarem junto do governados e alguns se aproveitarem disso para se classificarem eleitoralmente?
Se a obra é de infraestrutura, o secretário de infraestrutura deve estar presente. Saúde a mesma coisa. Mas, se é uma cidade que é representada por um deputado, o governador tem a sensibilidade de chamá-lo para participar. Isso acaba sendo positivo no relacionamento do Executivo com a Assembleia.
Qual a sua opinião em relação às CPIs da Assembleia?
Toda CPI deve ter um fundamento. Uma CPI é uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O nome já diz, deve ter algum inquérito. Não deve ser feita apenas para enfraquecer um político. Ela tem que ter um foco e um objetivo claro. As CPIs que estão sendo propostas precisam disso. Se a polícia já está fazendo esse papel, acho que, antes de cometer uma injustiça, devemos esperar os inquéritos se concluírem.
Cada deputado pode propor uma CPI quando bem entender. Porém, pra mim, uma CPI precisa ter um viés correto.
O senhor é a favor de um projeto que, não sei se já foi votado na Assembleia, que visa limitar o número de CPIs por ano?
É interessante, até porque a Assembleia não tem nem estrutura para manter cinco CPIs funcionando. Em uma situação assim, nem haveria deputados suficientes para participar. Os deputados devem parar de ser midiáticos e mostrar mais resultado.
O senhor acredita que o Marconi ganha benefícios nessas visitas ao interior? Ele é um candidato natural ao governo em 2014?
Não por causa das visitas. Ele é um candidato natural, por ter a possibilidade de reeleição. Além disso, não há nenhuma personalidade política goiana que tem sua força. A nossa base o quer como candidato. Até há pessoas tão inteligentes quanto o Marconi na base, mas ninguém com a sua força política. Pelos resultados que ele tem colhido, é um candidato com tudo para ganhar no ano que vem.
O senhor acredita na hipótese de o Marconi não ser candidato, como ele estava dizendo há algum tempo? Isso poderia abrir uma desestruturação da base do governo?
Vai depender muito de quem seria escolhido e me preocupa muito o que pode acontecer. Mas posso garantir que só há uma pessoa que consegue segurar 100% da base: Marconi Perillo.
O que ele poderia oferecer de diferente para 2014 como candidato?
A capacidade de gestão do Marconi já é conhecida e todo mundo sabe. Já vejo isso como algo positivo para se ter mais quatro anos no governo. E ele tentará, em seus possíveis futuros quatro anos de governo, melhorar ainda mais as condições do funcionalismo público. Ele foi o governador que mais fez pelo funcionário público, se analisar bem. Evidentemente, nos últimos dois ou três anos ele não pôde dar aquilo que era acostumado, mas porque não tinha recurso. E isso não é coisa só de Goiás. Todos os Estados padecem em recursos, enquanto o Governo Federal tem muito. O novo Pacto Federativo precisa ser rediscutido. Não dá para continuar com o Governo
Federal ter 70% da arrecadação e os outros 30 serem divididos entre os Estados e municípios.
O Estado vive um momento de muitas obras. E uma das coisas em que a oposição bate é que, com isso, Goiás se endividou muito. Estima-se que quase 20% da arrecadação do Estado ficará comprometida com o pagamento de dívidas. Como o senhor avalia isso?
Não dá tudo isso da arrecadação. Há uma Legislação da Responsabilidade Fiscal que nos obriga a manter sempre uma porcentagem do pagamento das dívidas. A folha de pagamento consome mais de 60% do que entra no Estado. Sobra muito pouco para o custeio, e muito disso ainda são valores carimbados. Faltou recursos e não tinha outro jeito. O governo do Estado tinha que se viabilizar para resolver os problemas latentes. A solução foi essa, mas tudo dentro do que a lei permite.
Como o senhor tem avaliado a situação do deputado Talles Barreto, que é da base, e seu nome está sendo envolvido na Operação Tarja Preta? Isso preocupa a base?
Os esclarecimentos dele estão sendo a contento. Talles não está sendo investigado, o nome dele é citado por terceiros em ligações telefônicas. Nem o Ministério Público nem a Polícia diz que ele está envolvido. E, como o Ministério Público não o investigou, nem solicitou busca e apreensão, isso não nos preocupa. Talles é uma pessoa de muita firmeza.
Como o senhor vê a abertura do PSDB ao Ronaldo Caiado? Ele seria bem vindo dentro da base e teria algum papel na base? Que papel ele teria?
Pela amizade que tenho com ele, é mais que bem-vindo. Ele precisa ser respeitado historicamente. E, por isso, ele senta em qualquer mesa. É bom frisar que o DEM nunca saiu da base aliada. Caiado é uma grande figura do DEM e, não só do Estado, mas do país, por isso temos que dar crédito a ele.
E os projetos para 2016?
Muitos falam de 2016, se esquecendo de que temos que passar por 2014 também. Da última vez, tentei ser candidato a prefeito. Mas o PSDB, o que foi, na minha opinião, um equívoco, não lançou candidato. Vamos esperar 2014. Caso o governador seja campeão, que é o plano maior do PSDB para o ano que vem, cada um buscará seu espaço. E eu me apresentarei como candidato à prefeitura em 2016.
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