Conversando com produtores de açúcar e álcool, o governador Ronaldo Caiado (UB) deu continuidade, nesta quinta-feira (24), à rodada de reuniões emergenciais com o setor produtivo goiano, diante da iminente entrada em vigor do tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos (EUA) sobre produtos brasileiros. A medida, prevista para começar em 1º de agosto, ameaça diretamente segmentos estratégicos da economia goiana, como o sucroenergético, o de carnes e o de minérios.
A nova reunião foi com representantes da cadeia sucroenergética e teve a presença de secretários estaduais e lideranças industriais. O encontro deu sequência às articulações iniciadas na quarta-feira (23), quando o governador se reuniu, por exemplo, com representantes dos setores da saúde e do agronegócio.
A mobilização procura soluções e para garantir apoio ao empresariado afetado pelo agravamento da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. Caiado já lançou linhas de crédito para oferecer aos empresários caso a tendência de tarifaço se confirme.
Durante a reunião desta quinta, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, ressaltou que Goiás é o maior produtor nacional de açúcar orgânico. O empresário Henrique Pena, da Jales Machado, afirmou que a tarifa de 50%, somada à taxa atual de US$ 357 por tonelada, elevará a carga tributária para quase 98% sobre o açúcar orgânico exportado aos EUA. “Devemos perder cerca de 40% da demanda anual”, alertou.
Estado sai na frente com medidas emergenciais
Goiás foi o primeiro estado do país a anunciar medidas concretas para mitigar os impactos da nova tarifa. Por meio do Fundo de Equalização do Empreendedor (Fundeq), serão concedidos subsídios ao pagamento de encargos em operações de crédito. Outra ação é o lançamento de um Fundo Creditório que deve disponibilizar até R$ 628 milhões a partir da utilização de créditos de ICMS.
O governador também encaminhou solicitação ao presidente do Fórum Nacional de Governadores, Ibaneis Rocha (DF), para ser realizada uma reunião do colegiado, a fim de discutir respostas conjuntas dos estados à crise.
Caiado critica inércia do governo federal e pede ação diplomática
Enquanto tenta criar remédios locais para o perigo que se aproxima, Caiado volta a cobrar uma postura mais efetiva do governo federal. Em entrevista à CNN Brasil nesta quinta-feira, o governador criticou a falta de articulação da União para evitar os impactos do tarifaço dos EUA e defendeu que o presidente Lula “sente com o presidente Donald Trump para negociar”.
Para ele, a retaliação comercial defendida por setores do governo federal pode agravar o cenário econômico e afetar diretamente a população. “Se aplicarmos reciprocidade, vai piorar mais a vida dos brasileiros. O presidente está blefando”, afirmou.
Médico, Caiado também destacou os riscos humanitários da inclusão do setor de saúde em eventuais sanções. “Solicitei que a saúde fosse excluída, até por uma questão humanitária”, disse o governador, lembrando que muitos insumos e equipamentos hospitalares são importados dos Estados Unidos.
Além da cadeia sucroenergética, as produções de carne, couro, minérios, citricultura e piscicultura também devem ser impactadas pela nova política comercial norte-americana. “São mais de 380 milhões de dólares da economia goiana ameaçados”, advertiu Caiado.
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