A nomeação do ex-deputado federal Francisco Júnior, do PSD, para a presidência da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego) não significa que a legenda estará junto com a aliança articulada pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), numa/ coalizão com 12 partidos que teve o MDB na majoritária com a vice-governadoria. O presidente estadual do PSD, Vilmar Rocha em entrevista ao Diário de Goiás destaca que seu partido tem “personalidade” e “autonomia partidaria”.
Vilmar Rocha destaca que apesar de ser “adequado” que as alianças sejam construídas a partir da “aliança vitoriosa” de 2022, alguns municípios tem particularidades que irão forçar o PSD a estar em “posição adversária, quer com o União Brasil, quer com o MDB”, o que não significa apoio intransigente por parte de sua legenda. O contexto é a declaração do vice-governador Daniel Vilela (MDB) que reforçou que a dobradinha encabeçará as chapas majoritárias em “todos os 246 municípios goianos”..
No entanto, Vilmar Rocha avalia que deve-se respeitar “a realidade local”, a “autonomia partidária” do PSD e sua “personalidade”. Ele já anunciou por exemplo, lugares em que o PSD terá candidatura própria. Nesta mesma entrevista, reiterou o desejo de ver a legenda com candidatura própria em Goiânia e Aparecida de Goiânia, cidades onde o MDB já articula com o União Brasil, lançamento de nomes.
Vilmar Rocha também destacou que com a nomeação de Francisco Júnior na Codego, o processo eleitoral de 2022 está “concluído”. Diferentemente da primeira gestão em que o PSD em nenhum momento participou. “Nem com indicação de estagiários”, frisa Vilmar. O partido agora decidiu entrar na administração. “Agora sim temos legitimidade para participar dessa aliança que foi vitoriosa”, destaca
Leia a entrevista na íntegra do presidente estadual da legenda, Vilmar Rocha, com o diretor de redação do Diário de Goiás, Altair Tavares:
Altair Tavares: O que o fato da nomeação do Francisco Júnior para a Codego significa na relação entre o PSD e o governador Ronaldo Caiado?
Vilmar Rocha: Com essa decisão, para nós do PSD foi concluído o processo eleitoral de 2022. Fizemos uma aliança que foi vitoriosa. Estávamos decidindo participar do governo e resolvemos participar dessa segunda gestão. No primeiro governo houve sondagens para que participássemos e eu disse que não. Por uma razão conceitual. Para mim, quem ajuda a eleger, ajudamos a governar. Como não fizemos aliança e não participamos da eleição em 2018 não tínhamos legitimidade para participar do governo. Eu até dizia que no governo anterior não tinhamos nenhum estagiário participando do governo. Agora sim temos legitimidade para participar dessa aliança que foi vitoriosa.
Altair Tavares: Acredita que o PSD pode contribuir com mais espaço na segunda gestão Caiado?
Vilmar Rocha: Eu acredito que sim dependendo de conversas, de diálogo, de necessidades e convites. Temos outros quadros preparados para participar. Vai depender do desenrolar dos acontecimentos e dos desdobramentos da gestão, é possível. Se já estamos participando num cargo relevante que a presidência da Codego, porque não podemos ocupar outras funções?
Altair Tavares: Porque a escolha do PSD pela Codego?
Vilmar Rocha: É uma empresa muito bem estruturada e tem a responsabilidade no processo de desenvolvimento do estado, regional e municipal. Cuida dos distritos industriais e tem um potencial muito grande de contribuir com o desenvolvimento do estado, inclusive com algo que eu já trabalhei muito bem em retomar um ritmo mais forte da reindustrialização do estado. Goiás avançou muito nas últimas décadas mas deu uma parada, não só Goiás. O PIB industrial brasileiro era 31% e hoje é 10%. Caiu demais. Aqui em Goiás houve uma parada. Apesar da retomada em 2022, precisamos agilizar. A indústria é a que gera os melhores e mais bem pagos. Exige qualificação para o emprego industrial. A uma ideia para a reindustrialização do país e Goiás precisa estar nessa vibe, no sentido de ampliar seu processo industrial.
Altair Tavares: O PSD já articula projetos para 2024?
Vilmar Rocha: Nós pensamos e já estamos trabalhando nisso. Queremos lançar candidatos a prefeito nas maiores cidades, principalmente. Aqui em Goiânia, vamos ter candidato a prefeito de Goiânia. Até porque tivemos em 2016 e em 2020. Queremos ter candidato próprio em Goiânia e nas maiores cidades do estado. Vamos trabalhar para reestruturar e reorganizar o partido nesse sentido. Onde não for possível, fazer uma aliança de vice-prefeito.
Altair Tavares: O vice-governador Daniel Vilela deu um recado que sua prioridade era uma aliança do MDB e União Brasil “nos 246 municípios”. Nisso, o PSD também está encaixado?
Vilmar Rocha: Não de forma rígida. É claro que se está com uma aliança é mais confortável politicamente e adequado que faça alianças com os partidos que estão nessa aliança vitoriosa. Mas vai ocorrer muitos casos que não, vamos estar em posições adversárias, quer com o União Brasil, quer com o MDB e naturalmente eles conosco. Porquê? Cada caso é um acaso e a sua excelência é a realidade local. Nós respeitamos a realidade local. O PSD tem uma marca em Goiás: é a autonomia partidária. O PSD nunca foi sublegenda de nenhum outro partido. O PSD em Goiás sempre teve personalidade. Quer um exemplo? Em 2016, eu era secretário de Estado de Governo e o Governo apoiou um candidato a Prefeito e nós apoiamos outro. Isso demonstra o que? Autonomia partidária.
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