Mulheres de policiais militares do Espírito Santo desobstruíram os portões dos batalhões neste sábado (25) dando fim ao motim que paralisou o policiamento no Estado desde o último dia 4.
A saída das mulheres ocorreu após um entendimento com o secretário de direitos Humanos do Espírito Santo, Júlio Pompeu, e a adesão da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ao movimento.
Em reunião na noite de sexta (24), ficou acertado que não serão impostos novos procedimentos punitivos aos policiais e as ações judiciais contra familiares e associações de militares podem ser suspensas.
Um novo encontro está marcado para quinta-feira (2). Participaram da reunião, além das mulheres e do secretário de Direitos Humanos, representantes da CUT, do Ministério Público do Trabalho e do Tribunal Regional do Trabalho, que irão atuar como mediadores.
“Nós tínhamos 43 municípios com 100% dos policiais trabalhando até agora, mas hoje toda a PM responde às escalas de serviço”, afirmou o comandante-geral da PM capixaba, Nylton Rodrigues, em entrevista à imprensa. O Espírito Santo tem 78 municípios.
“Nossa premissa era evitar o uso progressivo da força [para retirada das mulheres]”, disse Rodrigues.
Em nome de todos os policias, o comandante se desculpou à sociedade “pelo momento terrível e trágico para todos”.
Uma das mulheres autuantes no movimento afirmou à Folha de S.Paulo que elas não desistiram das reivindicações principais: reposição de perdas salariais e perdão aos policiais envolvidos.
O governo do Espírito Santo afirma não ser possível aumentar os salários devido à Lei de Responsabilidade Fiscal e colocou como condição para a negociação de outras demandas a retomada do policiamento.
“Saímos para atender ao pedido do governador e iniciar a negociação. A gente agora precisa ser ouvida de outra forma”, disse a representante.
PUNIÇÕES
Segundo Rodrigues, os processos administrativos e os inquéritos policiais -que podem levar à expulsão e até à prisão- em andamento não serão suspensos, mas a volta ao trabalho irá amenizar a situação dos policiais.
“Os policiais que retornaram terão isso como sua defesa, o que irá colaborar para a decisão final”, disse.
Por enquanto, as Forças Armadas e de Segurança Nacional enviadas pelo governo federal continuarão a atuar no Espírito Santo. O planejamento para o Carnaval será mantido, mas agora com o reforço de todo o efetivo da PM.
O motim vinha perdendo força desde sábado (11), quando o comando-geral passou a fazer chamados em locais públicos para que os policiais se apresentassem sem a necessidade de ir até os batalhões obstruídos.
Aos poucos, o efetivo da PM do Espírito Santo, de dez mil policiais, foi retomando as atividades e o número de mulheres nos batalhões foi diminuindo. (Folhapress)
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