Familiares de policiais militares do Rio fazem protestos em frente aos batalhões de choque da cidade nesta sexta-feira (10). Desde o início da semana, parentes dos PMs se mobilizam nas redes sociais para repetir no Estado paralisação semelhante à que ocorre no Espírito Santo.
Como a Constituição veda greves da Polícia Militar, parentes de agentes driblam essa regra colocando-se diante dos batalhões e impedindo a saída das equipes de plantão.Em nota oficial, o comando da PM no Rio diz que o “patrulhamento está normal em todo o Estado”. “A manifestação de esposas/parentes de policiais militares que acontece em algumas Unidades da PM, segue pacífica”, acrescenta.
Há registros de familiares de policiais em frente a batalhões nos bairros da Tijuca, Olaria e no centro (Rio) e na cidade de Belford Roxo (Baixada Fluminense). Às 6h ainda não era possível dimensionar o tamanho da mobilização. A reportagem faz desde as 5h uma ronda pela cidade. Às 8h, a reportagem cruzou a Linha Amarela, importante via expressa que liga as zonas norte a oeste, e nenhum carro policial foi visto.
Dez mulheres e parentes de policiais se colocaram na porta do 6º BPM (Tijuca) e impedem a saída dos carros de polícia. Elas não quiseram se identificar. Carregavam uma faixa e levavam apitos. No local, a passagem dos agentes é permitida somente após eles mostrarem que não levam a farda na bolsa.
Entre 6h20 e 6h45 nenhum carro havia saído. Duas cadeiras de praia foram colocadas na entrada da unidade. Era possível ver ao menos 20 policiais no interior da unidade, ao lado de carros parados.
Um policial tentou negociar a saída de um carro para render uma equipe de cinco homens que estão na UPP do Andaraí, zona norte, mas foi impedido. As mulheres estão desde 0h desta sexta (10) na porta do local, mas passaram a impedir o trânsito de veículos a partir das 5h.
“Estamos aqui por melhores condições de trabalho para nossos maridos. Não dá para eles trabalharem sem receber”, disse a fisioterapeuta D.R, 34 -ela não quis se identificar. Seu marido tem 13 anos de Polícia Militar. “Eu nunca vi a tropa passar por isso. Eles não têm armamento, colete e o hospital da PM não tem material”, acrescentou.
Servidores da segurança do Rio estão sem receber o 13o salário de 2016 e não receberam gratificações por trabalho fora da escala.O protesto acontece depois do governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), anunciar que iria reajustar o salário dos agentes de segurança, após boatos de que haveria um motim de PMs no Rio.
OUTROS LOCAIS
No centro, ao menos 12 mulheres de policiais militares do Rio fazem uma mobilização em frente ao Batalhão de Choque. A reportagem da Folha de S.Paulo encontrou o grupo com cartazes e apitos por volta das 5h10.
Durante os cerca de 20 minutos em que a reportagem esteve no local, apenas um carro deixou o batalhão, depois de um policial negociar a passagem. Eles iam trabalhar na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Falet, favela no centro do Rio.
Os policiais que chegavam cumprimentavam as mulheres e agradeciam o apoio. Das 12 mulheres, apenas uma se identificou como filha de policial. O restante se identificou como mulher de policiais. Elas disseram que se mobilizaram por meio do aplicativo WhatsApp.A policial civil A.M.R, 48, é mulher de um subtenente do Batalhão de Choque, que trabalha há 18 anos na corporação. Ela afirma que a paralisação é a única forma de se valorizar o trabalho da polícia
.”Eu não tenho medo do que possa acontecer no Rio com a greve, mas passou da hora de a polícia ser valorizada. Eu preciso pagar minhas contas atrasadas”, disse a mulher do subtenente.
Das 12 mulheres, quatro disseram estar com planos de saúde atrasados. Outras quatro disseram passar dificuldade para pagar aluguel.
Às 5h40, um grupo chegou com uma faixa, isopor e água. Entre os cartazes que carregavam, um deles dizia: “Você não gosta de polícia, chama o Batman.”No Batalhão Policial Militar do Méier, na zona norte do Rio, cinco mulheres também fazem mobilização. Elas estão diante da unidade e impedem a saída de carros de polícia.
As familiares dos PMs dizem que chegaram às 11h30 de quinta (9). A reportagem esteve no local às 7h35 desta sexta (10). Com isso chega a três o numero de BPMs com mobilização verificados pela reportagem.
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