O promotor de Justiça Felipe Oltramari ofereceu denúncia contra dez pessoas integrantes de uma organização criminosa especializada em fraudar o vestibular de medicina da Universidade de Rio Verde (Unirv) – Campus Goianésia. O grupo pedia entre R$ 80 e R$ 140 mil de cada candidato para integrar a fraude.
Segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO), foram denunciados Carlos Menem Alves, Elisângela Nunes Borges, Fernando Batista Pereira, Lucas Souza Soares, Matheus Ovídio Siqueira, Osmar Pereira Evangelista Filho, Ricardo Gomes Matos, Rodolfo Gomes Matos, Rogério Cardoso de Matos e Rogério Cardoso de Matos Filho.
O grupo foi denunciado por organização criminosa (artigo 2°, da Lei 12.850/2013). Foi pedida ainda a prisão preventiva dos acusados.
De acordo com o promotor, foi demonstrado que “se trata de uma organização criminosa, com diversos tentáculos e atuantes em vários municípios brasileiros, causando, há anos, prejuízos à sociedade, com dano incalculável à lisura de certames de interesse público, demonstrando, assim, a necessidade da custódia cautelar para a garantia da ordem pública, bem como também para a garantia da instrução processual e aplicação da lei penal”.
Os estudantes beneficiados com a fraude estão sendo investigados em autos separados, objetos de nova investigação.
Esquema
Conforme apontado na denúncia, cada denunciado possuía sua função na quadrilha, desde o aliciamento dos vestibulandos até o treinamento destes e recebimento do valor cobrado pelo esquema.
Segundo detalhado, Rogério de Matos era o chefe operacional da organização. Ele arquitetou todo o projeto, bem como selecionou os participantes que atualmente integram o esquema. Rogério de Matos Filho, Ricardo Gomes e Rodolfo Gomes são irmãos, filhos de Rogério de Matos, e tinham a função de aliciar os vestibulandos para participar das fraudes e de negociar os valores.
Osmar Evangelista, Lucas Soares e Carlos Menem também eram aliciadores. Eles captavam vestibulandos interessados na compra de vagas do curso, bem como utilizavam-se de redes sociais para essa finalidade. Cabia a Fernando Pereira treinar os vestibulandos que participavam da fraude, bem como ser o mensageiro. Unido a Elisângela Nunes, sua mulher, eles repassavam para os vestibulandos o gabarito por mensagem de texto.
Já Matheus Siqueira era “piloto”, se inscrevia no vestibular, fazia a prova e repassava por mensagem de texto o gabarito para Fernando e Elisângela que, após recebê-lo, enviava para os vestibulandos que integravam a fraude.
Envolvimento dos candidatos
Após aceitar participar do esquema, o vestibulando tinha que desembolsar a quantia negociada, que variava de R$ 80 mil a R$140 mil, sendo o pagamento parcelado de acordo com a negociação. Na semana do vestibular, os candidatos recebiam um treinamento, oferecido pela organização, bem como o aparelho celular utilizado na fraude, o qual recepcionava as respostas às questões já resolvidas pelo “piloto”. Em tal treinamento, os contratantes eram orientados sobre como deveriam se vestir para esconder o aparelho, além de como se portar quando o gabarito chegasse por mensagem de texto.
No dia do vestibular, os “pilotos” inscritos faziam a prova e repassavam as respostas para os mensageiros que, em posse do gabarito, o repassavam por mensagem de texto aos alunos aliciados, os quais, ao sentir o aparelho celular vibrar, pediam ao fiscal da prova para irem ao banheiro, onde visualizavam o gabarito e, ao retornar para sala, repassavam para suas respectivas provas.
Com informações da MPGO
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