O Ministério Público Federal (MPF) no Acre informou, nesta terça-feira (4), que abriu um procedimento para investigar as falas do pastor André Valadão durante culto transmitido pelas redes sociais da Igreja Batista da Lagoinha em Orlando, nos EUA, no domingo (2).
De acordo com o órgão, a investigação vai apurar a possível prática de homofobia.
O pastor, alvo de investigação do Ministério Público Federal por homofobia, pode também ser extraditado dos Estados Unidos para o Brasil porque o crime do qual está sob suspeita é passível de punição de até cinco anos de prisão.
A advogada entrevistada pelo jornal Estadão, Jacqueline Valles, que é mestre em Direito Penal, avaliou que além de homofobia, o pastor André Valadão pode ser enquadrado por “incitação ao crime”. “O artigo 7 do Código Penal impõe a territorialidade do Brasil mesmo aos crimes que não são praticados aqui, como é este caso”, disse.
Para Jacqueline, “se houver uma convenção com o país onde o crime foi cometido, o brasileiro pode ser extraditado para a aplicação das leis nacionais”.
Tudo começou após repetidas polêmicas do religioso ao citar a comunidade LGBTQIA+. Nesta mais recente, ocorrida durante o culto de sua igreja, que também foi transmitido pelo YouTube, Valadão pregou que, se pudesse, “Deus matava” e “começava tudo de novo”, se referindo à comunidade LGBT+.
“Essa porta [casamento homoafetivo] foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a bíblia já condena. Então, agora é hora de tomar as cordas de volta, dizendo não, não, não. Pode parar, reseta. E Deus fala: Não posso mais. Já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse, eu matava todo mundo a começava tudo de novo. Mas, prometi para mim mesmo que não posso, então, está com vocês. Vamos para cima. Eu e minha casa serviremos ao Senhor”, diz André Valadão no vídeo.
Segundo o MPF, após a apuração dos fatos, o órgão adotará as medidas cabíveis.
Em sua defesa, porém, o pastor publicou um vídeo em suas redes sociais onde disse estava em sua igreja e “pregando a palavra de Deus”. Segundo ele, suas falas estão no contexto do texto bíblico do livro de Gênesis, que cita a destruição da humanidade no dilúvio. Ao citar a palavra resetar, Valadão afirmou que se referiu a “levar à humanidade de volta para Deus”.
“Quando eu digo resetarmos, eu não digo nós matarmos. Eu não digo nós aniquilarmos pessoas. O que eu digo é que cabe a nós levar o homem, o ser humano ao princípio que é a vontade de Deus. Cabe a nós, cristãos genuínos, erguemos nossa voz e deixarmos claro aquilo que é a vontade de Deus”, concluiu.
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