O agora ex-secretário municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, preso desde a quarta-feira (27) por determinação judicial solicitada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), sairia de férias e retornaria para o estado de onde veio, São Paulo (SP), em 1º de dezembro. Essa descoberta fez com que o MP apressasse as investigações e o pedido de prisão.
O MP aponta Pollara como o líder de um esquema que vinha contribuindo para o endividamento da saúde em prejuízo à população atendida em Goiânia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A informação sobre as férias do ex-secretário foi revelada nesta quinta-feira pelo repórter Honório Jacometo, no Jornal do Almoço da Tv Anhanguera. Conforme a apuração do jornalista, Pollara pretendia procurar outro trabalho em SP, ciente de que não permanecerá no cargo em janeiro, quando assume a nova equipe do prefeito eleito Sandro Mabel (UB).
Wilson Pollara assumiu a SMS em 2023 e tem raízes em SP. Ele foi secretário de Saúde de São Paulo durante a gestão de João Dória (ex-PSDB). Além disso, chegou a ser anunciado pelo então candidato à prefeitura paulista, o influenciador digital goiano Pablo Marçal (PRTB) para ser o futuro secretário da pasta, caso Marçal fosse eleito. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
Cúpula presa
A prisão de Pollara durante a Operação Comorbidade, ocorreu junto com seus dois principais auxiliares: Quesede Ayres Henrique, que era secretário-executivo da pasta, e Bruno Vianna, ex-diretor financeiro da SMS. Todos foram afastados pela Justiça e exonerados no mesmo dia pelo prefeito Rogério Cruz (Solidariedade).
A apuração do MPGO aponta que a SMS, sob o comando de Pollara, tinha contato direto com os fornecedores da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FUNDAHC), responsável pela gestão das três maternidades públicas da capital, e realizava pagamentos diretos para fornecedores escolhidos, fora da ordem cronológica. Outras irregularidades, como o uso de contas extraoficiais da SMS e a possibilidade de “devolução” de dinheiro, despertam suspeitas de pagamento de propina entre os envolvidos.
Para o MP-GO, o esquema impactou diretamente a gestão da saúde municipal, gerando uma dívida de aproximadamente R$ 300 milhões. A falta de pagamento aos prestadores de serviço e fornecedores, refletiu na fila das UTIs e cinco pessoas morreram em dez dias. O cenário de caos mostrou que havia leitos disponíveis, mas bloqueados por falta de pagamento.
Para completar, o Fundo Municipal de Saúde estava recebendo regularmente cerca de R$ 50 milhões todos os meses, mas esse dinheiro parou de ser usado no pagamento dos credores, conforme apontaram os promotores de Justiça naquela que chamaram de desestruturação e na maior crise já vivida pelo sistema público de saúde goianiense. As investigações continuam e vão se aprofundar.
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