Conversas por aplicativo de mensagem entre Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, e a babá dele, Thayná Ferreira, obtidas pela Polícia Civil, indicavam que ela tinha alguma preocupação com agressões sofridas pelo filho de 4 anos. Mas qualquer indício disso ficou obscurecido pelo comportamento da mãe após a morte do menino – ela deu impressionantes sinais de frieza e de uma “vida normal” incompatível com o trauma da perda violenta que sofreu.
Detalhes que vieram à tona na investigação ajudam a conhecer um pouco a professora que trocou o emprego de R$ 4 mil em uma escola na zona oeste do Rio por um cargo de R$ 12 mil no Tribunal de Contas do Município. Também passou a morar com o namorado, Dr. Jairinho, em um condomínio na Barra da Tijuca.
Foi uma mudança e tanto para Monique, que se separou do pai de Henry no ano passado, e foi morar com Dr. Jairinho. Nas conversas com a babá Thayná, a professora parecia dividida. Demonstrava preocupar-se com o que acontecia com o garoto. Mas não deu sinais de ter tomado alguma providência. Na prática, segundo a polícia, permitiu as agressões e se tornou cúmplice dos crimes.
Suas preocupações, aparentemente, eram outras. Quando o caso foi descoberto e passou a repercutir, Monique pediu a amigos e parentes, por WhatsApp, “um grande favor”, segundo revelou a revista Veja. Queria uma declaração escrita sobre como ela se relacionava com o filho. O objetivo era apresentá-la como uma pessoa carinhosa e incapaz de causar mal à criança.
Sem luto
Os relatos apontam, porém, para uma mulher que parece não ter demonstrado sentimentos pela morte do próprio filho de 4 anos. Quando voltou às redes sociais, por exemplo, postou a foto de uma bolsa Louis Vuitton ao lado de copos de café da marca California Coffee. Um dia após o enterro, gastou R$ 240 num salão de beleza. E, antes de prestar depoimento à Polícia, testou mais de um look e consultou o advogado: queria escolher a vestimenta ideal.
A polícia diz não haver indícios de coação de Monique por Dr. Jairinho. Mas a versão não convenceu todo mundo. “Me chamou a atenção um diálogo divulgado entre a mãe e o pai de Henry sobre a reação dele em não querer voltar para casa. Ela parecia atordoada, não parecia só uma dificuldade de lidar com o filho”, aponta Raquel Narciso, coordenadora do Centro de Defesa da Vida (CDVida), voltado para o combate à violência doméstica. “É possível que a mãe de Henry estivesse num relacionamento abusivo, passando por coação.”
Estadão Conteúdo
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