20 de dezembro de 2025
Obituário

Morre o goiano Lindomar Castilho, Rei do Bolero condenado por feminicídio

Cantor goiano conhecido como o Rei do Bolero morreu aos 85 anos; carreira de sucesso foi marcada pelo assassinato da ex-mulher, Eliane de Grammont
Nascido como Lindomar Cabral, na cidade de Rio Verde, Lindomar iniciou a carreira artística nos anos 1960. Foto: VITRINE/DIVULGAÇÃO.
Nascido como Lindomar Cabral, na cidade de Rio Verde, Lindomar iniciou a carreira artística nos anos 1960. Foto: VITRINE/DIVULGAÇÃO.

Morreu neste sábado (20), aos 85 anos, o cantor goiano Lindomar Castilho, conhecido nacionalmente como o Rei do Bolero. Ícone da música popular brasileira nas décadas de 1960 e 1970, ele também ficou marcado por protagonizar um dos crimes de feminicídio mais emblemáticos do país: o assassinato da ex-mulher, a cantora Eliane de Grammont, em 1981. Pelo crime, foi condenado a 12 anos de prisão.

A morte foi confirmada pela filha do cantor, a coreógrafa Lili de Grammont, por meio de uma publicação nas redes sociais. No texto de despedida, ela fez uma reflexão contundente sobre a trajetória do pai e as marcas deixadas pela violência. “Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito. Ao tirar a vida da minha mãe, também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira”, escreveu. Lili tinha apenas dois anos quando perdeu a mãe.

Em outro trecho, a coreógrafa afirmou desejar que “a alma dele se cure” e que sua “masculinidade tóxica tenha sido transformada”, destacando que o crime vitimou não apenas Eliane, mas toda a família.

Carreira e trajetória

Nascido como Lindomar Cabral, na cidade de Rio Verde, Lindomar iniciou a carreira artística nos anos 1960. O primeiro álbum, Canções que não se Esquecem, foi lançado em 1962. Com repertório romântico, construiu carreira cantando boleros e sambas-canções.

Na década de 1970, tornou-se um dos maiores vendedores de discos do país, com lançamentos também no exterior. Seu maior sucesso, Você é doida demais, ganhou nova projeção anos depois ao ser usado como tema de abertura da série Os Normais, da TV Globo.

Feminicídio

Lindomar conheceu Eliane de Grammont nos corredores da extinta gravadora RCA. O casal se casou em 1979 e teve uma filha, Liliane. O relacionamento terminou no ano seguinte, marcado por episódios de agressividade, ciúmes excessivos e alcoolismo por parte do cantor, que não aceitava o divórcio.

Em 30 de março de 1981, Lindomar matou Eliane com cinco tiros pelas costas enquanto ela se apresentava na casa de shows Café Belle Époque, em São Paulo. O então namorado da cantora, Carlos Randall, também foi atingido por um disparo, mas sobreviveu. Preso em flagrante, o cantor foi condenado a 12 anos de prisão em julgamento por júri popular.

Velório e sepultamento

O velório de Lindomar Castilho ocorre neste sábado (20), a partir das 13h, na Funerária Fama (Capela 1). O sepultamento está marcado para as 16h, no Cemitério Santana.

Após deixar a prisão, na década de 1990, Lindomar viveu longe dos holofotes, em ostracismo, embora tenha gravado um álbum ao vivo nos anos 2000. Sua morte reacende o debate sobre violência contra a mulher e sobre como a memória de artistas consagrados convive, de forma indissociável, com crimes que marcaram profundamente a história do país.


Leia mais sobre: / / / / Cidades / Notícias do Estado