22 de dezembro de 2024
Cidades

Morre aos 94 anos goiano que pressionou JK para construir Brasília

Foto: Instagram Daniel Vilela
Foto: Instagram Daniel Vilela

Morreu nesta quinta-feira (21), aos 94 anos de idade Antônio Soares Neto, mais conhecido como Toniquinho JK. O advogado e auditor fiscal estava internado desde a última quarta-feira (20), no Hospital do Coração, em Goiânia, após sentir fortes dores no peito.

O homem ficou conhecido pois em abril de 1955, em Jataí, ocorreu comício do então candidato à Presidência da República, Juscelino Kubitschek. Toniquinho questionou o então presidenciável sobre a transferência da capital federal para o Centro Oeste brasileiro na presença de cerca de 5 mil pessoas.

“O senhor prometeu cumprir a Constituição. Nela está prevista a transferência da capital para o interior do país, o senhor vai cumprir também isso?”, perguntou Toniquinho. Juscelino, pego de surpresa, demorou a responder a pergunta, mas prometeu cumprir a promessa. Mais tarde, após ser eleito, o presidente construiu Brasília.

Toniquinho era padrinho e cunhado do ex-governador Maguito Vilela. Nas redes sociais, Maguito lamentou a morte do companheiro. “Hoje o meu cunhado e padrinho, Toniquinho JK, (no centro da foto) nos deixou aos 94 anos. Faleceu em razão de infarto no Hospital do Coração, em Goiânia. Com uma lucidez impressionante, ele fará muita falta para todos nós, amigos e familiares. Toniquinho da Farmácia virou Toniquinho JK após questionar o então candidato a presidente JK se ele eleito cumpriria a Constituição e realizaria a transferência da Capital federal do Rio de Janeiro para o centro do país. Após a célebre pergunta, JK ficou obstinado pela ideia, construiu Brasília e se tornou amigo de Toniquinho. Aos amigos que querem participar da despedida desta testemunha da história do Brasil informo que o corpo será levado de Goiânia para Jataí ainda hoje. Será sepultado em Jataí na manhã desta sexta-feira, 22. Descanse em paz, Toniquinho JK! “declarou Maguito.

O ex-deputado federal e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, também lamentou a morte de Toniquinho.

“Toniquinho de Jataí era uma lenda da política goiana. Foi ele que, no dia 4 de abril de 1955, provocou o então candidato a presidente Juscelino Kubitscheck perguntando se este, caso eleito, iria cumprir a Constituição Federal e transferir a capital do País para o Planalto Central. JK participava em Jataí do primeiro comício da sua campanha. Após titubear por um momento, o candidato assumiu ali, de público, o compromisso que viria a cumprir 5 anos depois e que ajudou muito no progresso de Goiás. Mas, pra mim, Toniquinho era mais que o gatilho de uma decisão que mudou o desenho do País. Era um tio muito querido, casado com a tia Nelita. Na minha primeira campanha eleitoral, para vereador de Goiânia em 2008, ele me deu uma foto do JK (segunda imagem), que carrego na carteira até hoje. Foram 94 anos bem vividos e que me deixam muitas boas histórias e ensinamentos. Obrigado por tudo, tio Toniquinho! Descanse em paz.”, se manifestou Daniel.

A Associação Goiana de Imprensa (AGI) também emitiu nota:

“É com pesar, que a Associação Goiana de Imprensa (AGI), no ano em que completa 85 anos da sua fundação, anuncia o falecimento de Antônio Soares Neto, o Toniquinho JK, aos 94 anos de idade. Há quase sete décadas, ele, que era então corretor de seguros, durante a campanha presidencial de Juscelino Kubitschek, indagou ao candidato se ele cumpriria a Constituição de 1946 e construiria a capital brasileira no coração do país. A promessa foi feita e em 1961 Brasília foi inaugurada. A pergunta poderia ter sido formulada, em alto e bom som, na principal praça pública de Jataí, mas uma forte chuva acabou por dispersar a população que aguarda JK, improvisando-se, então, um pequeno comício num galpão perto da praça, onde Juscelino resolveu dialogar com o pequeno público ali presente naquela noite de 4 de abril de 1955. Toniquinho JK, jataiense por nascimento, residia em Goiânia há 40 anos. Entretanto, ele será velado (na Câmara Municipal de Jataí, a partir da tarde desta quinta-feira, 21/11) e sepultado (sexta-feira, pela manhã) em sua terra natal. A prefeitura do município decretou luto oficial por três dias. Funcionário do Fisco, estava internado no Hospital do Coração, no Setor Oeste, desde a noite do dia 20/11, qdo foi internado com fortes dores no peito. Toniquinho JK deixa viúva dona Nelita Vilela (irmã do ex-governador Maguito Vilela, de quem era também padrinho), cinco filhos, netos e bisnetos”, diz a nota.


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