O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse em entrevista à revista “Veja” que apresentará ao Supremo Tribunal Federal (STF) provas de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal (PF).
Além disso, Moro destacou que deixou 22 anos de magistratura para trás por acreditar que o combate à corrupção seria, de fato, uma das bandeiras do governo Bolsonaro, mas não foi o que encontrou. O ex-ministro cita a transferência do Coaf para o Ministério da Economia e a criação do juiz de garantias como indicadores disso.
“Sinais de que o combate à corrupção não é prioridade do governo foram surgindo no decorrer da gestão. Começou com a transferência do Coaf para o Ministério da Economia. O governo não se movimentou para impedir a mudança. Depois, veio o projeto anticrime. O Ministério da Justiça trabalhou muito para que essa lei fosse aprovada, mas ela sofreu algumas modificações no Congresso que impactavam a capacidade das instituições de enfrentar a corrupção. Recordo que praticamente implorei ao presidente que vetasse a figura do juiz de garantias, mas não fui atendido”, pontuou.
Moro também afirmou que o procurador-geral da República, Augusto Aras, tentou intimidá-lo ao colocá-lo como investigado no inquérito que investiga as acusações feitas pelo ex-ministro contra o presidente. “Entendi que a requisição de abertura desse inquérito que me aponta como possível responsável por calúnia e denunciação caluniosa foi intimidatória”, avaliou.
Divulgação de mensagens
Na última sexta-feira (24), dia em que deixou o governo, Moro divulgou ao Jornal Nacional mensagens que mostram o presidente Bolsonaro insinuando uma troca no comando da PF, ao enviar uma reportagem que mostrava o avanço de operações contra deputados aliados do governo. Conforme o ex-ministro, a atitude foi tomada apenas para provar que ele não estava mentindo.
“Eu apresentei aquelas mensagens. Apresentei única e exclusivamente porque no pronunciamento do presidente ele afirmou falsamente que eu estava mentindo. Não posso admitir que ele me chame de mentiroso publicamente. Ele sabe quem está falando a verdade”, afirmou Moro.
Leia mais sobre: Bolsonaro e Moro / Política