23 de novembro de 2024
Política

Moro não vai admitir ser chamado de mentiroso por Bolsonaro

(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro relatou em entrevista à revista Veja que não vai admitir ser chamado de mentiroso pelo presidente Jair Bolsonaro. Moro pretende apresentar à Justiça, assim que for chamado, as provas que mostram Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.

Após a saída de Moro, o presidente da República rebateu as acusações do ex-ministro. Ele negou que houvesse tentativa de interferência política na Polícia Federal e acusou Sergio Moro de tentar negociar a demissão do diretor da PF em troca de sua nomeação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

Sérgio Moro lamentou por divulgar mensagem trocada entre ele e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e outra entre ele e o próprio presidente. No entanto, Moro destacou que a atitude foi no sentido de protegê-lo.

“Eu apresentei aquelas mensagens. Não gostei de apresentá-las, é verdade, mas as apresentei única e exclusivamente porque no pronunciamento do presidente ele afirmou falsamente que eu estava mentindo. Embora eu tenha um grande respeito pelo presidente, não posso admitir que ele me chame de mentiroso publicamente. Ele sabe quem está falando a verdade”, disse Moro à Revista Veja.

Sérgio Moro disse que precisou conceder a entrevista para se defender. Ele alegou que Bolsonaro continuamente o atacou nos últimos dias. “Lamento ter de externar as razões da minha saída do governo durante esta pandemia. O foco tem de ser realmente o combate à pandemia. Estou dando entrevista aqui porque tenho sido sucessivamente atacado pelas redes sociais e pelo próprio presidente.

Corrupção

Sérgio Moro criticou o combate à corrupção no governo de Jair Bolsonaro e destacou que não houve prioridade no tema. “Sinais de que o combate à corrupção não é prioridade do governo foram surgindo no decorrer da gestão. Começou com a transferência do Coaf para o Ministério da Economia. O governo não se movimentou para impedir a mudança. Depois, veio o projeto anticrime”, disse o ex-ministro.

Moro lamentou o fato da aproximação do presidente da República, com investigados na Lava Jato e com histórico de corrupção. “É bom ressaltar que o Executivo nunca negociou cargos em troca de apoio, porém mais recentemente observei uma aproximação do governo com alguns políticos com histórico não tão positivo. E, por último, teve esse episódio da demissão do diretor da Polícia Federal sem o meu conhecimento. Foi a gota d’água”, afirma.

Politica

Sérgio Moro relatou que não quer pensar em política e que sempre teve um viés técnico. Ele disse que não se arrepende por ter saído da magistratura para ingressar no governo de Jair Bolsonaro.

Moro pretende se recolocar profissionalmente no mercado privado e explicou sobre o pedido de pensão para a família, citado por ele no pronunciamento. Moro alegou que não se trata de uma questão ilegal, que certamente precisaria da aprovação de uma lei. Ele ressaltou que só valeria apenas em caso de morte.

“A condição para que a pensão fosse paga seria a minha morte. Só externei que, caso eu fosse morto em combate, fosse garantida uma pensão integral à minha família, correspondente aos vencimentos de ministro”, declarou.


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